Terra abrasada

Disponibilidade: Brasil

O pôr do sol alaranjou o azul
Meu leal cão repousa confortavelmente.
À direita, há vida. Trânsito de carros na via
E à esquerda, quietude verde, somente.
Ao centro, há o poeta,
Fadigando os olhos há horas,
Procurando à esquerda e à direita
A linha em que perdeu as amoras.

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_sobre este livro

Terra abrasada veio a mim como uma obra vem ao artista, com um impacto único e sem precedentes.

“Um brilho inédito atravessa confiante

A fissura das pálpebras (…)”

Sua colocação, ao meu ver, sempre foi muito audaciosa, expandindo-se a cada verso e consumindo, das beiradas ao centro, cada nova página. Por isso o nome: Terra abrasada é o local depois da catástrofe, o resultado de um incêndio, fruto da extrapolação enorme das temperaturas.

Após a primeira onda de calor que instaurou suas ideias, então, o que se seguiu foi um intenso trabalho de busca, interna e externa, o qual por diversas vezes me fez regredir nas observações e estabilizar os pensamentos incendiários. Estas importantes pausas dão cadência ao livro e permitem, assim como ao eu-lírico, a compreensão de si, do outro e das vontades motrizes de ambos.

“(…) Ergo o tronco, por fim

Como se levantasse a cabeça

De um balde d’água gelada

E repouso a consciência na materialidade (…)”

 

“(…) Ao centro, há o poeta,

Fadigando os olhos há horas,

Procurando à esquerda e à direita

A linha em que perdeu as amoras.”

Fato é que, mesmo durante a escrita, este livro absorve e consome quem o lê. Os cenários pintados tentam, com esforço tremendo, atrair o leitor para dentro deles, onde a experiência sensorial atravessa a camada lisa das palavras e permite a existência de declives, a flutuação das temperaturas e do ar, o paladar dos sabores, a audição dos estrondos etc.

 

“Acordei de sobressalto no meio da noite

Estava febril como uma lâmpada em uso

Estava, na verdade, convulsionando de febre”

            Por esta razão, Terra abrasada ambienta, comunica e se aprofunda, essencialmente, nas relações humanas, principalmente naquelas em que se dialoga consigo mesmo e se abstrai o cerne do que é capaz de nos mover, individual e coletivamente.

“(…) Era, enfim, uma estrela nova

Incinerando a fonte exposta de minhas capacidades inúmeras.

Lampejava esplendorosamente em cada canto do universo (…)”

 

Espero, enfim, que os leitores deste meu livro querido possam dialogar e se relacionar com ele de alguma forma. Além disso, espero que estas palavras permeiem por diferentes camadas e permitam múltiplas reflexões na contraposição do que existe dentro e o que se coloca do lado de fora. Desejo-lhes uma excelente leitura e uma boa viagem por este campo renovado após o atravessamento das chamas.

 

Allan de Carvalho

_outras informações

isbn: 978-65-5900-911-4
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 13x16,5 cm
páginas: 108 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2024
edição: 1ª

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