Traga-me o universo dentro de uma casca de noz. A esperança e o sonho já me pertencem…
R$45,00
_sobre este livro
“Só porque/erro/encontro/o que não se/procura”. Essa estrofe de um poema de Orides Fontela poderia ser a epígrafe (ou o epitáfio) do livro de estreia de Erick Felinto na poesia. Como todo jogo — como todo lance de dados —, a poesia não apenas pressupõe o acaso do resultado, mas o destino de quem (se) joga. Na primeira parte deste livro, Felinto nos convida ao jogo do tarô. Ele dá as cartas, ou as cartas se dão. E, em cada uma delas, vemos surgirem as figuras dos arcanos da existência, que o leitor poderá atribuir ao autor (ator?) ou a si mesmo, conforme o acaso. Evidentemente, o leitor entendido jogará as cartas ao seu modo. Outros verão face a face a figura já conhecida, o rei que não se contenta com seu reino, o enforcado que dialoga com seu Outro. Afinal — para lembrar outra referência famosa ao tarô — as notas às notas de The Waste Land não redimem a poesia de T.S. Eliot do mistério e do encantamento, aquele de quem lê um fragmento em alemão (oed und leer das Meer) e o repete a vida inteira sem questionar seu significado. A poesia não é, afinal, como uma ordem dada por um superior desconhecido, que cumprimos sem saber por quê? Na segunda parte de seu livro, Felinto abre sua Wunderkammer onírica. Aqui nos acercamos mais dessa ideia perturbadora de incompletude e de vazio, que é também a marca desses tempos sombrios em que vivemos, que mais se parece com um infinito pesadelo. Aqui também, a esperança de encontrar um sentido fechado (ou oculto) se desfaz, ou se disfarça e foge, como faz o polvo. Por isso mesmo, o leitor poderá encontrar aqui algo que não procurava: esse estranho/desfamiliar que é a sua imagem num espelho.
Adalberto Müller
_outras informações
isbn: 978-65-5900-062-3
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14x19,5cm
páginas: 64 páginas
papel: pólen 68 gramas
ano de edição: 2021
edição: 1ª