talvez o peso do tempo
nos ensine a leveza da simplicidade
posso sentir no corpo o cheiro de cada vida
está tudo aqui e eu sou o mundo
R$50,00
_sobre este livro
Os poemas deste livro traçam imagens entrecortadas, típicas do movimento de refração. A velocidade não é mais a mesma de um segundo atrás, e o que vemos são objetos que parecem partidos. Mas é uma ilusão, tudo permanece onde sempre esteve, nossos olhos é que se movem com mais vagar, despercebidos.
Patrícia do Amaral usa as palavras para habitar uma espécie de borda da linguagem; ela toca o limite com as pontas dos dedos, e nos conta com palavras do lado de lá o que viu. A margem não é mais a mesma entre o que vemos e o que somos. Como se o corpo se tornasse um órgão expandido, consciente das ínfimas pequenezas ao seu redor – no fundo, os poemas recolhem inúmeros excertos sobre o encontro, possível e impossível, com o outro, aquele que está sempre um pouco mais além.
Entramos em cenas íntimas do eu, permeadas pela natureza, pela madrugada, pelo correr dos dias. O que resta é sempre algo sensorial, imagens-texto que habitam um mundo inteiramente novo e apenas referenciado naquele que conhecemos. O silêncio constrói o ritmo de movimento lento, mas agudo, do sentir.
A leitura circula pelo tempo do mito, no qual o sonho se imiscui no que se vive. Uma longa conversa de poucas palavras tece o interstício da vigília e do sono, onde a linha do tempo não existe mais. Adentrar esse livro é ficar um pouco à mercê do que se desconhece, esticar a linha entre as fronteiras, e assim ter um vislumbre de si mesmo um pouco refratado, um pouco em dois lugares ao mesmo tempo.
Elisa Marder
_outras informações
isbn: 978-65-5900-509-3
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 13x16,5 cm
páginas: 108 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2023
edição: 1ª