Quantas festas

Disponibilidade: Brasil

cartografar um labirinto
é coisa simples, meu bem
primeiro saiba o que tem
nas mãos: porra nenhuma
depois perceba como o som
dos nossos corpos é suave
como um acidente sem
vítimas e como o asfalto

R$45,00

_sobre este livro

Quanto? Uma palavra para indicar quantidade, intensidade, valor. Neste livro, porém, as medidas não medem, as instruções não prescrevem ensinamentos finais. As observações parecem mais apontamentos de um caderno de viajante, tornando visível o percurso. O trajeto até oferece aprendizados a compartilhar, mas não são os lugares de destino que importam.

Importa mais contornar a experiência. Talvez quando a realidade chega chegando, impactando com intensidade – quantas festas! –, haja um movimento vital do corpo para nomear, transfigurar-se, expandir-se como palavra, imagem: este livro de poesia, encharcado de sensorialidade.

              Há tantas instruções, regras do jogo, listagens dentro dos poemas. Se as enumerações e ordenações não servem para hierarquizar, como elas funcionam? Talvez seja para colocar à vista, como em um altar – o altar do que vibra, do que canta. A lista, essa artimanha primeira de organizar a informação, reinventa o redemoinho; faz uma arrumação lúdica, convida a um jogo de composição e de liberdade. Não são listas pragmáticas; são brinquedo de botar abaixo a diferença entre ordem e desordem, para friccionar e mapear os sentidos e os significados.

   No itinerário percorrido, dão-se as mãos memórias de infância purulenta, cidades do presente e do passado, imaginárias ou de concreto, famílias de sangue e de purpurina, vivências formativas de tantas festas diferentes.

              Eu contei: vinte festas por assim dizer manifestas, cento e setenta e duas disfarçadas. E veja que exclamação não se faz por acúmulo quantitativo: pensa o estrago de um beijo, de uma fogueira, de olhar um mar, de banhar-se em um rio, de um só amorzinho. Então a quem pergunta quantas foram as tantas, tantas que fiz, que faça parecido com o que sugere o poema de Alda Merini para a contabilização de seus amores: “(…) olhe/ nos bosques para ver / em quantas armadilhas ficou / meu pelo”.

              Da mesma maneira orgânica com que a criação de uma autora conversa com a da outra, transbordante, dentro dos poemas há a incorporação de canções, diálogos, outras vozes do mundo que se integram nos versos, formando música própria. O caleidoscópio, no movimento dos versos encadeados, traz motivos que retornam ao longo do livro sob diferentes prismas. Cenas, temas, emoções, objetos, relações.

              Quantas festas? Esse título não se identifica por uma pergunta, mas uma constatação. Uma afirmação. É a vida, meu bem. Uma “resplandescência que jamais cessa”. Christyne Gryschek e Juliana Maffeis

Moema Vilela

_outras informações

isbn: 978-65-87938-26-4
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 11,5 x 18cm
páginas: 96 páginas
papel: pólen 90 gramas
ano de edição: 2021
edição: 1ª

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