Qualquer coisa finge de morto

Disponibilidade: Brasil

as crianças querem techno, baby
o lance é você sentir onde esse
grave vai te bater e você precisa só
ser gentil com ele baby você vai se amarrar
confia em mim eu prometo
palavra de escoteiro

R$45,00

_sobre este livro

_sobre este livro

Conheci o Victor Lampert quando ele veio trabalhar comigo na livraria. Ali estava, de repente, sorrindo com cara de bobo (ou seria apenas simpático de uma forma nova?), aquele menino que parecia uma menina e agia como qualquer outra coisa — senti um calafrio, nunca disse isso a você. Eu estava com a camisa que estampava em preto e branco um Bob Dylan bem novo, não muito diferente do Victor que estava na minha frente. Então ele me disse algo como “bonita camisa, Fernandinho”, mas talvez o Fernandinho seja invenção minha, porque o Victor me dá vontade de inventar as coisas. E com a benção de Bob Dylan, eu o amei naquele instante.

Ele usava uma camisa do Buzzcocks, mas nele aquilo não era nada agressivo, nada nele era agressivo e tudo nele era compassivo. Como uma encarnação de Walt Whitman (exageros à parte, essa foi a sensação), um Buda menino, Sidarta no palácio real — sei que você vai rir disso. Como ele é ator (eu não sabia que escrevia até pouco tempo atrás), sempre tentei me comunicar com ele fazendo gestos de atuação dramática calamitosa, caras e bocas das quais rimos juntos: ele com a idade que realmente tem; eu como um idiota velho demais.

É difícil falar de algo tão sério quanto poesia quando eu penso no Victor. A poesia viva pouco precisa se explicar, como já sabemos. Prefiro falar dele chegando atrasado ao trabalho, em dia de chuva, fazendo o Gene Kelly na minha frente, com um aceno para a câmera do meu telefone celular. Prefiro quando — e como no poema que abre o livro com perfeição de mantra — ele fala de coisas que não sei e que eu seria tão feliz, talvez, se as tivesse conhecido com a idade do Victor. Que bom que você possa me ensinar tanta coisa sobre o afeto gratuito justamente por ser jovem e viver com todo coração.

E tem também outra coisa. Imagino os catedráticos diante dos poemas que aqui seguem. É ou não é, onde colocá-los, como dizê-los, que forma é essa? Desespero na Academia. Disse ao Victor agora que estava escrevendo um texto ridículo sobre o livro dele e que o livro era muito engraçado e que eu não sei o que ele é. Ele me retornou dizendo apenas: Que bom que está ridículo. Eu quero o deboche. Então aqui está, com todo amor. Porque teu livro me permite estar sozinho sem nenhum medo.

Leonardo Marona

_outras informações

isbn: 978-65-87076-52-2
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14 x 19,5
páginas: 88 páginas
papel: pólen 90 gramas
ano de edição: 2020
edição: 1ª

Carrinho

Cart is empty

Subtotal
R$0.00
0