Como demonstrado por autores como Marx, Césaire, Fanon e Faustino, a expansão do capital é profundamente
tributária do genocídio colonial, sendo o racismo e a evolução dos modos de produção da sociedade capitalista dois fenômenos indissociáveis. As formas de exploração que caracterizaram a acumulação primitiva de capital não foram superadas pelo seu estágio tardio. Do mesmo modo, a violência colonial e a distinção ontológica, fun
dadas em uma humanidade racial, não foram superadas pelas democracias liberais-burguesas. A partir da preservação da estrutura colonial, as democracias contemporâneas fabricam a adesão social necessária ao discurso fascista, chegando-se até a mesma conclusão de Quijano: “a descolonização é o piso necessário de toda revolução social profunda”.