Plástico Pluma

Disponibilidade: Brasil

porque a minha tarefa é te lembrar constantemente
do porquê vale a pena salvar tudo que aqui resta.
meu trabalho é me embrutecer onde você é mais viva
e permanecer fresco, vaidoso,
no que você tem que esquecer.

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_sobre este livro

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Plastiglomerado. Não só a garça da national geographic, agasalhada em saco linha de mercado, nalgum lixão antártico, e pelos correios em mais dois invólucros plásticos. Um novo mineral, em que se incrustam pólipos e crustáceos, o qual abraçam as raizinhas dos musgos e veiazinhas dos animais, já é reconhecido pela ciência: plastiglomerado. Sem hífen, fundiu-se a natureza ao plástico. Os profetas e os poetas processam o lixo dos séculos; e salvam o planeta, porque Bispo do Rosário roga por nós, milenarismos de papelão no carrinho de um catador ou, num verso de amor pelos espaços virtuais, um buquê florido de pixeis: porque alguém saca, do lixão, uma flor, há dignidade no manicômio-Terra. Resta o desafio à poesia de nosso tempo, em sua tentativa de abraçar as coisas: assimilar o plástico, respirar a nuvem de poluição informacional, e fazer surgir daí seu novo elemento. Dos conglomerados ondulantes azuis, invocar uma Rainha do Mar, híbrida de águas e tecnologia descartável, à tona em guirlandas de cabos elétricos e escamas de plástico. Cantar, para a baleia encalhada na duna ferruginosa, canções de TNT. Fundir às carcaças eletrônicas o último espasmo de vida e imortalizar, no giro irônico de um gif, o gozo da implosão sistêmica, a catástrofe do capitalismo em perpétuo restart até o ponto do risível. O prazer de, num mar de plástico bolha, afundar. A glória de, sobre asas de plástico pluma, voar. É este o desafio, um deles, o maior deles, de Tomaz Amorim Izabel: sacar, ao torvelinho da liquidação global, um resíduo sólido de linguagem, baphywave, com o qual construir uma poesia, Plástico pluma, que dê ao mundo pós-bug do milênio uma nova anunciação e esperança. A matéria deste livro, o que os sobreviventes da guerrilha urbana logo notam, sem afãs de distopia, é muito concreta: de Ramala, esfumaçante de véus, ao vale do Anhangabaú, por cujas ruas vamos nós, com nossas raças, lutas e amores. Erguendo, para o imenso corpo de sucata e ultratecnologia da capital, um golpe nu de capoeira. Revivendo os fósseis que há no combustível que move a modernidade, o sangue ancestral que ferve ao som de atabaques. O voo de Plástico pluma traz à literatura de nosso país um impulso potente e nova alegria, a certeza que temos, ao ler um grande poeta, de que a tudo observam, sobre o plano de ruínas, os sábios olhos da águia.

André Nogueira

_outras informações

isbn: 978-85-69433-99-6
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14 x 19,5 cm
páginas: 150
papel: pólen 90 gramas
ano de edição: 2018
ano copyright: 2018
edição: 1

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