Noites brancas

Disponibilidade: Brasil

para onde vão
os perfis daqueles
que morrem
enlouquecem
ou viram monges?

R$45,00

_sobre este livro

Você está em casa, passa os olhos pela milésima vez no celular, abre a tela, descobre: a garota que te deixou publicou um vídeo de uma mulher lendo um poema chamado “dezembro”, mas você diz para si mesmo que não gosta de poesia, mesmo assim, escuta os míseros dois minutos e nove segundos de vídeo e, surpreendentemente, gosta. O nome da autora: Gabriela Lopes de Azevedo. Você resolve tentar a sorte e compra um exemplar.
Ao iniciar Noites brancas, você perambula e observa a cidade por meio de seus movimentos quase inertes, afinal “carros diminuem a velocidade/os que se movem pausam”, ao redor, tudo é verbolocomotor de uma mesma areia movediça; “o chão do metrô se mexe sozinho”, “as pessoas no ponto de ônibus olham para o chão/ os passantes param”, a coreografia até banal de um dia como tantos outros “mãos para cima/olhos para a direita” não fosse a intervenção da voz poética “não coloque os pés no chão/pode ser fatal”.
A Luz da sua casa coincide com a luz que incide sobre os poemas do livro: é meia-luz; você lendo, lembra das suas conversas que ficaram pela metade, dos desejos irrealizáveis e dos medos de atar-se aos poucos amores, nesta era modern love, amor batata-quente, “será que já estamos sepultados nos cookies e propagandas do big data?” você cético responde que sim, querendo dizer não, “que dó que dó/da gente”, você concorda com a Gabriela.
As noites brancas parecem sempre quase findar (porque este não é um livro de fins) em manhãs adormecidas, nas quais a casa é testemunha temporal da arte de perder: a si, o timing e o outro.
Você diria que o interlocutor não responde à voz poética, são solilóquios intercalados com fatos cotidianos, constatações da nossa fratura como sociedade, “como você consegue andar na rua/depois de ver aquela moça sentada/entre os sacos de lixo”. Não melhoramos, a sequência de poemas intitulados Noites brancas são notas de um guia jazzístico para o fim do mundo, ou para a próxima catástrofe ou pandemia: “lembra disso/quando estiver/na beira/do fim do mundo”. O que você saberá apenas ao final da leitura é que as noites brancas são conjunções em ebulição, por vezes ferozes, fugazes, vorazes e insones. Elas são acontecimentos importantes aos poetas, durante as noites brancas é possível encurtar o espaço-tempo, hoje é amanhã. O que você saberá ao final da leitura é que este livro esteve na estante de uma livraria entre os títulos que você Procurou Durante Vários Anos Sem Ter Encontrado, mas, felizmente já pode ser encontrado na mais profunda solidão, de onde você continua lendo-o e relendo-o.

Maitê Rosa Alegretti

_outras informações

isbn: 978-65-5900-022-7
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14x19,5cm
páginas: 96 páginas
papel: pólen 68 gramas
ano de edição: 2021
edição: 1ª

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