No dia após

Disponibilidade: Brasil

catarro e quetamina
escorrendo pelo nariz
enquanto a Terra gira
não-gira, lenta, e o dia
(este) não quer acabar
nunca

R$40,00

_sobre este livro

O primeiro livro e seus tumultos.

Primeiro, o poeta, Gabriel Bustilho: nestas páginas sempre entre dois, inquieto, insurreto, arquiteto de seu sujeito lírico. Vivo em 2020, atento a todas as quedas e à crueza triste desses nossos tempos de quem “quer se manter vivo/obrigatoriamente se mantém”. Bustilho parte para dentro de si, movimento de implosão subjetiva que se alastra, “hoje vou abrir os botões da camisa/e que se foda”, e nos implica ao mesmo inconformismo “de quem não morre na imundície deste lugar asséptico”. Seu sujeito é um campo de batalha.

Segundo, seu percurso é de mãos dadas. Os poemas de Bustilho nos convocam, retomam a mesma paisagem que nos instiga, esses “dias em que a rua é uma casa/arruinada” e ainda assim precisamos atravessá-los. Os dias nos exigem. E o poema é o que sobra e justifica. Uma sintaxe que se alterna entre a hesitação e a certeza de uma urgente catarse. Um valete que nos oferta uma granada à porta da esperança — “uma inútil granada que nunca explode”. Implode, corrói por dentro as normas e impõe essa vida que precisa “a palavra se dissipando nas veias”.

O poeta segue sendo essa aporia, esse vício da busca, essa reação de quem tem “no peito um fuzil/contente e desconfiado”. A “metralhadora em estado de graça” de que falava Roberto Piva. A ampla e inútil, por isso bela, generosidade de assinar os dias como os poemas: “porque tudo sempre pode ruir”.

Flávio Morgado

_outras informações

isbn: 978-65-87076-46-1
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14 x 19,5
páginas: 52 páginas
papel: pólen 90 gramas
ano de edição: 2020

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