A escolha em abordar o neoliberalismo não apenas como modelo socioeconómico, mas também como gestor do sofrimento psíquico impôs-se-nos como resultado da natureza disciplinar do seu discurso, no qual categorias morais e psicológicas são constantemente utilizadas como pressupostos silenciosos da ação económica. Ações económicas são justificadas nem sempre devido à sua eficácia propriamente económica na produção e circulação de riquezas, mas devido à sua pretensa justeza moral na realização social da liberdade — conceito esse de liberdade, como veremos, assente na generalização irrestrita da forma-propriedade e que encontra as suas raízes na noção liberal da liberdade como propriedade de si. Nesse sentido, o neoliberalismo, com as suas doses maciças de intervenção estatal no campo político e social, aparece como uma engenharia social para uma noção de liberdade pouco discutida.
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