Neoliberalismo como gestão do sofrimento psíquico

Disponibilidade: Europa

A escolha em abordar o neoliberalismo não apenas como modelo socioeconómico, mas também como gestor do sofrimento psíquico impôs-se-nos como resultado da natureza disciplinar do seu discurso, no qual categorias morais e psicológicas são constantemente utilizadas como pressupostos silenciosos da ação económica. Ações económicas são justificadas nem sempre devido à sua eficácia propriamente económica na produção e circulação de riquezas, mas devido à sua pretensa justeza moral na realização social da liberdade — conceito esse de liberdade, como veremos, assente na generalização irrestrita da forma-propriedade e que encontra as suas raízes na noção liberal da liberdade como propriedade de si. Nesse sentido, o neoliberalismo, com as suas doses maciças de intervenção estatal no campo político e social, aparece como uma engenharia social para uma noção de liberdade pouco discutida.


Antonio Neves / Augusto Ismerim / Christian Dunker / Clarice Paulon / Daniel Pereira da Silva / Daniele Sanches / Fábio Franco / Fábio Luís Ferreira Nóbrega Franco / Fabrício Donizete da Costa / Heitor Pestana / Hugo Lana / Julio Cesar Lemes de Castro / Leilane Andreoni / Luckas Reis Pedroso dos Santos  / Marcelo Ferretti / Marcia Fogaça / Mario Senhorini / Nelson da Silva Jr. / Paulo Beer / Pedro Ambra / Rafael Alves Lima / Renata Bazzo  / Ronaldo Manzi / Sonia Pita Coelho / Viviane Cristina Rodrigues Carnizelo / Vladimir Safatle / Yasmin Afshar

_sobre este livro

“Entre o fim da Segunda Guerra Mundial e os anos 1980, no espaço de 40 anos, a depressão passou de uma coadjuvante tardia no grande espetáculo da loucura, em meados do século xix, à condição de atriz principal e diva preferencial das formas de sofrimento da nossa época. Esse é também o processo de literalização e de encaixotamento dos pacientes numa lista de sinais descritivos, isolados de um nexo narrativo sem qualquer conexão entre a emergência e a desaparição de sintomas. Se a depressão nasce envolta em metáforas, carregada nos braços dos seus nobres ancestrais filosóficos e poéticos como a melancolia, hoje parece ter-se reduzido a duas metáforas empobrecidas: “a falta de um ingrediente químico no cérebro” e o “gatilho” que dispara pioras e repetições”

(Christian Dunker, A hipótese depressiva, página 207)

 

_outras informações

idioma: português
encadernação: brochura
formato: 15,7x23 cm
páginas: 346 páginas
ano de edição: 2023
edição: 1ª

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