peça licença e adentre as matas pernambucanas.
se este livro tivesse cheiro, dava pra sentir cachimbo,
porra,
loló,
melaço e
abraço de uma mãe que te ama.
nestas páginas, que sugerem um cair de nossas máscaras em queda livre do teto, há sempre a possibilidade de que alguma dessas que cai nos sirva muito bem. difícil não sentir acomodada na gente uma destas máscaras que nada escondem, só revelam.
vivemos numa realidade em que bauman, que nos fala dos amores líquidos, coexiste enquanto bell hooks nos fala da construção de uma ética amorosa. percebe a confusão? as palavras de máscaras que caem do teto nos confrontam a encontrar esse ponto de equilíbrio quando, muitas vezes, o tesão nos borra o limite de toda essa pulsão de vida.
dividido em 4 partes, com poesias intensas e palavras delicadamente colocadas em um motim sensorial, ele nos deixa um alerta: não acreditem, o poeta mente.
em “fantasia”, acompanhamos a rebeldia de quem sonha com aceitação, com um amor tranquilo e safado e com domingos livres de uma angústia neurótica sem nome. há um convite implícito a vesti-la. há um chamado a experimentar tudo que puder, não há paranóia que consiga prever a delícia de se entregar aos prazeres das coisas não ditas, mas sentidas.
dessa corda bamba entre imaginário e real surgem breves “14 tuítes”. complexos, curtos e explícitos. aqui não há esconderijos. recife, drogas e ansiedade se misturam quase que instantaneamente e te entregam uma larica textual pronta pra te saciar.
agora saciadas, vem a sede depois de se ter bem bebido. temos mais! suas “pulsões” inquietantes, aproveitadoras do prazer negado por anos de homofobia, fazem com que você sinta esta bicha escritora gritando de desejo. toda nudez é permitida e todo tesão parece pouco. pica, bunda, língua, cunhão. não há pudor. há uma festa. nela estamos derretendo e o cio nos consumindo.
daí, o momento do primeiro trago de cigarro após uma bela gozada, onde hibson nos conduz ao interior “do interior”. uma viagem deliciosa pelo mundo que o construiu, pelas relações que atestaram sua ternura, pelas mulheres que o fizeram doce e pelas ausências que o mantiveram presente. um labirinto emocional que parece fruto dessa modernidade tão apressada. não esqueçamos que há infernos em que a saída é atravessando, há silêncios que não se resolvem com gritos e há abraços que nos erguem do chão.
tenho o privilégio de apresentar a primeira obra do meu outro coração no mundo. sinta ele bater tão perto. dentro de você.
Hugo da Silva