Maiúsculas abertas

Disponibilidade: Brasil

dependurar-se no teto, catar abelhas, de
vastidão, estio e linguajares, de
expor a bílis e abrigar os gris exílios, de
salobros, tambores, sanhas, de
coice nas pétalas e fogo nos veleiros, de
partituras, candeeiros, abris e marços, de
compor o ermo do corpo com ouriços, de

R$45,00

_sobre este livro

O que mais pode querer o poeta senão habitar os “olhos infinitos dos cavalos”? O que é o poema, senão um “rio que esculpe outro rio, ao quartzo”? Gosto de pensar a poesia como algo que atravessa sempre uma natureza intelectual, sonora, bela. No percurso do projeto poético de maiúsculas abertas, este novo livro de Isaac Bugarim (a quem acompanho há tempos), vê-se a sua percepção apurada do cotidiano. Se em seu Agrafia (2015) a obsessão pelas palavras dá o tom (buscando a expansão de seus sentidos, explorando suas combinações), aqui, a palavra, “este animalesco porto”, adensa as inquietações do poeta, acompanha-o no naufrágio, ilumina o caminho pelos abismos.

Os poemas deste volume constroem uma grande tessitura expressiva e o entrelaçamento verbal parece criar, de tão bem compactado, uma peça única que se lê num só fôlego, uma instigante suíte verbal com muitos movimentos e estratégias – um “poema atado às cotovias”. O resultado é uma explosão de belas imagens: “para limpar da memória dos olhos/os pés manchados de sangue da bailarina”, “um instante pesando, como se pesa/um rio e seu fundo, como se pesa o grão/acrescentado ao peso da colheita,/peso o que pesa um bosque de paralelepípedos”, “maiakóvski não é poeta,/é uma estação ferroviária”.

Acima de tudo, maiúsculas abertas é também um livro de amor, no qual o poeta deposita no nome da amada “as carnes,/tubulações de amor”, onde há a celebração afetuosa do encontro, o descanso natural de um corpo no outro, como no poema “entre a névoa burguesa, boca brônzea de sirene”: “roberta tinha,/além da boca, uns ombros de amansar meu pranto./uns ombros tão largos que, ali – não duvido –/se amansavam também os cavalos.”.

É, enfim, uma poesia que nos sacode pela força de suas palavras e formas, mas, além disso, nos faz “saborear as urdiduras da beleza” por meio da experiência sensível que nos mostra como iluminar o abismo presente em cada canto do mundo e em cada um de nós.

 Natália Agra   

_outras informações

isbn: 978-65-87076-76-8
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14 x 19,5
páginas: 56 páginas
papel: pólen 90 gramas
ano de edição: 2020
edição: 1ª

Carrinho

Cart is empty

Subtotal
R$0.00
0