Lírica abissal

Disponibilidade: Brasil

um voo indômito,
solitário.
nenhuma certeza, ou
querência.
pouso, sequer presença.

nenhuma espera,
e o tempo
que (só) passa:
uma ausência

R$35,00

_sobre este livro

_sobre este livro

Apresentar um livro de estreia é como estar em posse de um segredo pronto para ser revelado, mesmo sabendo que, em literatura, o segredo permanece inviolável até quando o pensamos descoberto (Derrida). É o que, aqui, o poeta sugere em imagens: “a floração é um coração exposto na terra.”. Tudo exposto e encoberto, então por que ainda a sensação de certo “além” a se dividir? Por que ainda a necessidade de um dizer de antecipação? E como se nada é previsível? Tudo, silêncio e respeito diante da nudez com que se tramam os significantes na lírica abissal de Alex Dias. Ou líricas abissais, já que as imagens poéticas se multiplicam apontando o núcleo constituinte da forma literária: há segredo.

Quando esses poemas foram confiados à mim, primeira vez e para o primeiro olhar, soube que estava diante de um grande poeta, cuja capacidade sintética e modelagem do pensamento em muito o particulariza. Desejei furar a cortina de palavras e tocar a voz que pronunciava, entre sutil e sensível, uma imagética rara e de atmosfera palpável, na qual as palavras segredo e confiança, como aromas, gravitam: “árvores se falam / com perfumes”.

Isso se deve à construção na qual poemas se precipitam em outros poemas, adiando o fim, ou o lugar por excelência da poesia (Agamben). Mas, onde a poesia quando o fim se abisma no início senão, assim, disseminada no final de cada verso? “a mão. / o caminho das veias. / a cicatriz entre elas.”. É singular o adiamento ao longo da obra, porém se enganaria quem a lesse como fluxo contínuo, sem se ater à pontuação que pode ocorrer, inclusive, no título/verso que parece inaugurar o novo texto. Mais do que continuidade temática, esse aspecto formal sugere uma segunda estrutura atravessando a página e provocando significados cada vez mais profundos. Por isso, a despeito do índice, é preciso se entregar à leitura abissal que convoca, desde dentro, à tríade segredo-paixão-solidão que movimenta a literatura: “não há contenção / para os versos / que escaparam / disso tudo.”. E desafiar o poeta: sim, há contenção e, paradoxalmente, essa é sua marca de autoria mesmo quando se estende em poemas que parecem engendrar haicais: “um templo e um monge / sobre a calda do piano / velho e de pedra:”, ou micronarrativas poéticas: “talvez, por isto, / este deserto de sorrisos / nas nossas covas,”. A força desses versos surpreende e emudece pela lapidação e o rigoroso acabamento da imagem: “não há um grito, um gemido, um marulho / apenas o espreguiçar de uma concha / acordando”.

O silêncio feito no agora da palavra que finda. Mistério de um tempo que anoitece. Tocando as páginas e buscando possíveis enigmas para presentear os primeiros leitores, sinto que “Lírica abissal” não precisa mais de apresentação porque se tece “poente, enquanto a lâmina atravessa”.

Geruza Zelnys

 

 

_outras informações

isbn: 978-85-69433-12-5
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14 x 19,5 cm
páginas: 50
papel: pólen 90 gramas
ano de edição: 2015
ano copyright: 2016
edição: 1ª

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