Há uma flor no abismo

Disponibilidade: Brasil

1. estou nua diante das águas imóveis do lago
onde narciso se olhou pela primeira vez
[mas não me vejo]
estou nua à margem das águas escuras
: leve libélula lápis-lazúli
que rodopia sobre um único lugar
[mas não se molha]


estou nua e minhas roupas
abandonadas sobre as pedras frias
agonizam com minha agonia.
tenho medo do escuro
mas preciso cumprir o meu destino
: mergulho
no
céu
apagado
[desapareço]

R$50,00

_sobre este livro

Num abismo com flores, a queda se inventará asas e o destino do corpo e do sumo é o azul oceânico das palavras. Porque aqui Helena Arruda inaugura e franqueia o espaço-em-flor feito esperança e, divagando entre poemas e labirintos, se deixa encharcar de encontros. Encontram-se sóis e o céu da boca da moça de dedos longos, as claridades invadem retinas. O sob a pele, insistente, nos chamará pras linhas, pro viço, pros valões, mas sobretudo pro gato a esquentar colo. Na poesia de Helena, somos o próprio convite à emergência do canto. As voçorocas nos chegam e é carne crua e é a saída que se encontra e é a coragem do palimpsesto e sempre se amanhece.
Está habitada e (nos) converge ao entardecer luminoso essa mulher que retorna e sussurra: fica perto de deus e dos pampas e dos gritos lá do alto. Diz-se de mulher como se diria de dragões e montanhas, como se saboreia aqui pão de canela, sereias lidas.
Retorno ao abrigo (abraço dos minúsculos que se anotam e se materializam). Seu horizonte é a paz da janela cotidiana e sua conquista são os pés fincados no que germina. Evave. Tanto faz se amora tanto faz cabra-cega tanto faz perséfone tanto faz orquídeas. Faz tanto a mulher que se basta faz tanto o outro lado do sorriso faz tanto a vida miragem faz tanto o medo que não há.

Histórias aqui e mapas que moram no sagrado pelo desejo (migrações): é a risada larga é o infinito côncavo e convexo da maçã na cigana que morde sabiamente. E na primavera quente o escafandro é a loucura belíssima duma bacante dum almodóvar duma ariadne. Vamos por mar vamos criança vamos à saga da alegria e do que zeus, não permitindo, nos põe a catar conchas e funduras. Bem como os retornos as ressalvas, bem como a origem longínqua é a própria pista — pai e sensação de pai, traço e sensação de traço, centro cascalho e contrassenso.
Poemas que se espraiam no dulçor duma matéria que revela a largura da vida. Há uma flor no abismo, falando da hora em que se nasce, nos guia à medida do sol acordado (e neblina e flamboyant florido e tanto mais disso). Livro feito a própria flor dourada e feito como tem que ser a vida. Jogo. Luto. Lembrança. Tango. Uma transcrição da delicadeza das ervas ao relento e sim o oceano inteiro das pérolas e dos não mais mistérios. Ler esse livro iguala a recolher vozes olhos línguas e a palavra estrela.

LUCI COLLIN Helena Arruda

_outras informações

isbn: 978-65-5900-194-1
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14x19,5 cm
páginas: 128 páginas
papel polén gold 90g
ano de edição: 2021
edição: 1ª

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