A gente continua a falar do amor
ainda que eles todos passem por baixo
das pontes, desabados, por baixo dos
olhos, secos de lágrimas; eles passam sob
esse barco, mas são uma única água, como
um sangue que se renova, vivo, entre as veias
e as artérias adentro, e por dentro do ventre, casa,
que o expele mês a mês como para se livrar dele,
podre, feito o amor que passa por debaixo dos corpos,
doido, dos corpos feitos para o abate, como a morte
passa rente à pele, todos os dias, e ao largo
dela, mas a gente não sabe, ou desvia
os olhos, e continua a falar do amor.