Espirais

Disponibilidade: Brasil

Os que de mim zombaram, vê-los-ei mendigar
o pão,
os frutos selvagens,
a mandioca,
o feijão,
o copo d’água,
o doce mel,
a sombra fresca,
o poema que declinaram escutar.

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É provável que o simbolismo da espiral já tenha sido bastante interpretado: num movimento concêntrico, essa figura se expande, levando o ponto mais profundo de nossa consciência àquele mais elevado, o sublime ao mais mundano. A espiral representa, na sua essência, o mistério da vida. Vida que escorre por veredas sinuosas, se enraíza e ao mesmo tempo transborda e, nesse fluir incessante, faz com que os seres se encontrem em determinados pontos de suas caminhadas, se entrelacem, se afasteme retornem às origens.

É nesse fluxo que somos levados a adentrar o universo poético de Wladimir. No ritmo de seus poemas, balouçamos do mais transcendente ao mais secular na vida humana; nos abismamos na circularidade das curvas do sol, da terra, dos sonhos de homens e de mulheres e, ali adiante, nos confrontamos com a aspereza de retângulos de vidro fumê. A poesia de suas espirais, fundada no amor, no prazer sensorial, é que, no entanto, nos transmuta para o retorno à natureza essencial.

Assim são compostos seus poemas: com “a imprescindível astúcia” e o olhar arguto de quem escolhe cada palavra para semear; com “o necessário vigor” de quem recoltacada imagem brotada; seus versos pulsam e provocam no leitor o movimento do que verdadeiramente ressoa. Wladimir traz do arado das serras das Gerais a ressonância inconfundível de seu cantar, que se mescla aos ventos da beira-mar, ao sabor de uma “caipi” e que contrasta com a ganância dos poderosos, denunciada de forma ácida e corrosiva: “Habito num país em crise,/ onde a violência dita o ritmo do dia-a-dia./ Com a escalada da violência e a crise, o “dia-a-dia” perdeu o emprego.”

As espirais dos poemas de Wladimir nos remetem, porém, ao que talvez tenha sido a função primeva da poesia: um deliberado propósito social, evidente nas suas manifestações mais primitivas, com o intuito de afastar maldições, curar certas doenças ou conseguir as graças de algum ente sobrenatural. Aqui, “no correr das estações, sitiado”, o poeta cisma no seu exílio, planta e colhe seus alimentos e produz uma poesia que sobrevive às espirais do tempo, às mudanças dos problemas enfrentados pelo homem, como também, à extinção do interesse por aquilo com o que o poeta esteve apaixonadamente envolvido. Mesmo que isso viesse a lhe custar a própria vida: “Sei tão somente que a morte, senhora do jogo, vencerá. / Mas a aventura me seduz, / brincar com as palavras me entorpece, / ainda que esteja em jogo a minha cabeça.”

Antonella Flávia Catinari

 

_outras informações

isbn: 978-85-7105-130-0
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14 x 19,5
páginas: 76
papel: pólen 90 gramas
ano de edição: 2019
edição: 1ª

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