Desobrar-se

Disponibilidade: Brasil

Criei uma obsessão por gengibre no ano passado. Além da influência da biomedicina que aparece nas revistas e blogs naturebas, com seus anúncios pernósticos que nos fazem mudar os hábitos alimentares, sexuais e de lazer; por medo ou por aquele sentimento bom de que há uma boa autoridade que nos encaminha ao bom caminho do bem-viver.

 

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_sobre este livro

A língua que passa por esta orelha, acaricia, preenche, alaga. É onda que se embrenha pelo labirinto do ouvido, bate, afeta, bigorna, estribo e martelo. Convoca uma leitura cocriadora, invoca máquinas desejantes.

“Desobrar-se” é um convite ao desmoronamento de si; e na língua de Maria Eduarda, desobra não se substantiva, é sempre ação: desobrar-se. Sustentar-se mesmo que na queda, fazer-se asa no precipício.

Os versos que você encontra neste livro des-obram institucionalidades violentas: corpos compulsoriamente medicados — vertidos em hospícios privados – corpos trans aniquilados na média dos 35 anos.

A minoridade na qual se lança quem não se adequa às performances hegemônicas. Para quem o recalque e a fetichização não são recursos suficientes e, por isso tem o desejo interdito, psicopatologizado.

Este livro é uma clareira aberta, fogo aceso, copos cheios, faz-se música: convida. A língua aqui é manejada como território de encontro possível. De uma alegria selvagem, porque o possível no qual se chega entrelaça a dor e o prazer de entregar-se.

Espaço de autopoiesis. Para corpos que, mesmo comprimidos, não se engolem em jejum, com água parada de um copo dormido na cabeceira, para não sentir, dor, angústia, tesão, medo, gozo.

“Desobrar-se” é constituir-se na própria implosão. Implosão que não acaba em entulho porque pousa no mar. “Perto do mar, longe da cruz”. Os destroços, estilhaços: flutuam. São ilhas, continentes, todo um planisfério a devir.

A língua deste livro se desdobra, percorre tantas, tão variadas topografias. É uma língua picotada na língua materna. Plural, arde como língua geométrica: “po(ética)”.

“Desobrar-se” é uma dança, é assumir a minoridade, defender a minoridade, exercê-la em sua máxima potência. No poema “Cuira-te”, queer é verbo e cuirar-se é um compromisso ético.

Fazer-se “um corpo de repúdio” e de gozo, frente à ira tosca dos que se gastam convertendo o desejo em pedra; para se compor muro nos edifícios brancos da heterocisnormatividade.

Este é o convite, “cu(i)ra-te”. Suporta o credo e delicia-se.

Juliana Guida

_outras informações

isbn: 978-65-87938-08-0
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14 x 19,5
páginas: 128 páginas
papel: pólen 90 gramas
ano de edição: 2021
edição: 1ª

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