Câmera escura

Disponibilidade: Brasil

Câmera escura nos transporta para territórios longínquos e para um tempo que, ao mesmo tempo em que é tempo, é o tempo de agora. A qualquer momento você pode despertar e entender que o agora pode estar sendo um sonho. O sonho de quem passou e navegou por aqueles mares e achou que nunca mais sentiria o frescor da brisa, a alma leve o lídimo da vida. Câmera escura nos traz mulheres sonhadoras e atravessadoras de mares e de marés. Narrativa que, além de atravessar e dilacerar, preenche e conforta. “O oceano de nossa aprofundável intimidade compartilha coisas de que as palavras não dão conta”. Permaneci por minutos nessa frase entendendo que é esse corpo-meu que também conta e narra esse corpo que atravessou o tempo. Como podemos ser sonhos e duras realidades no mesmo instante? Marco, o autor, nos presenteia com uma literatura que nos desloca para o mar manso e furioso. Conectando luz, sagrado e sombras. Seguimos com o objetivo de sempre preencher a capacidade de amar, A-mar porque sabemos que Há Mar.

Tati Villela

R$58,00

_sobre este livro

De quem é a voz que faz transbordar o coração de Muana? De onde vem o chamado, o sussurrar feminino, tão íntimo e certo, que a compele a deixar para trás suas obrigações e promessas? Se bem que a jovem Muana de Issambu nunca quis passar seus dias moldando o barro ou entalhando a madeira… Não lhe interessava virar paneleira, conhecida por seu ofício na feira de Chioua como sua mãe. Gostava era de ver as pedras dos matagais de Tchizo se diluindo em tintas com que arriscava desenhos. Gostava de se experimentar artista, brincando com cores e sombras. E de espiar o mar, à espera do pai, que lhe traria histórias de pescador, o melhor da região. De pequena, Muana tinha vontade de cortar um pedaço daquele mar para carregar consigo. Seria, então, do mar a voz que ela ouvia? Da divindade-mulher que habita suas águas? Seja como for, é essa voz-guia que levará rumo a seu destino, atravessado pela extrema maldade e crueldade da escravidão. Ler “Câmera Escura” é embarcar numa jornada que cruza a kalunga grande, esse mar que tudo vê, do lugar que se convencionou chamar de Cabinda, na África, às paragens de Nova Orleans, passando pelo Brasil e pelo Haiti. Nessa aventura, não é apenas Muana, tornada Francisca em seu nome morto de batismo português, quem nos revela o fluir da narrativa. Marco Aurélio nos brinda com uma prosa que alterna a primeira e a segunda pessoa, construída com requintes de adaptação ao que cada região e fase da vida da personagem principal exige. E é essa segunda pessoa – a voz, tão essencial, tão próxima – que estabelece um diálogo com Muana sempre que uma profunda mudança está por ocorrer. Fica o mistério de quem seria, para a delícia de quem lê, enquanto o autor contextualiza sua obra com personalidades importantíssimas da história e cultura negras, sem didatismos forçados. Aprendemos: desde o momento em que Muana se vê impedida de tornar-se mulher em sua própria comunidade até os reencontros com prazeres do corpo e da mente, como pessoa escravizada, fugida, embranquecida e, enfim, alforriada. Enquanto isso, vemos discutidos temas como os papeis de gênero, a passabilidade e o testemunho histórico em todos os seus formatos – das oralituras ao registro cinematográfico. “No fim, nossas retinas são nosso melhor dispositivo”, como nos diz Marcos. Fica o convite para desvendar os mistérios das vozes que conversam conosco entre os movimentos corriqueiros do dia a dia…

Sabine Mendes Moura

Escritora, roteirista e diretora da Editora Nua.

_outras informações

isbn: 978-65-5900-646-5
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 13x19m
páginas: 160 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2024
edição: 1ª

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