Bandalhices

Disponibilidade: Brasil

minhas lágrimas salgam a sopa
meu pranto vira maré
quando o desejo é muito
quero o mundo em uma colher

R$45,00

_sobre este livro

Tomei um susto quando li o Bandalhices da Thais Helena Bueno. Bem, não foi exatamente um susto, eu não caí da cadeira nem nada do tipo. Vou explicar melhor: a Thais é introvertida e perspicaz. O que isso significa? Que ela fica quieta e observa. E isso é um perigo. Você não sabe o que se passa na cabeça desse tipo de pessoa, ela pode bolar planos ou te julgar. Pode gostar de você, ou ter simpatia por pessoas que você nem imagina. Pode estar alegre ou irritada, num dia bom ou ruim. Não dá para saber.

A Thais já havia me mostrado suas canções. Parecia insegura de jogá-las no mundo. Então eu já sabia que existia, sob o véu quieto-tímido-desconfiado, algo complexo e agitado, ora cosmos, ora caos. Alguma coisa que tinha a ver com textos poéticos. Pois bem: calhou de eu estar certo.

 Bandalhices é dedicado aos tímidos, quietos e silenciados. Quando você passa os olhos nas páginas, vê poemas curtos, pílulas e textos com uma palavra por linha. São formatos dificílimos de dominar. Escrever poemas curtos, concisos, fazendo uso das pausas e dos espaços, isso não é para qualquer um. E em Bandalhices tem também coesão de estilo, maturidade poética e um pathos difícil de explicar, que parece fundir numa coisa só: os rolês na Hocus (“criatura escondida”), insights filosóficos (o primeiro “sub sub sub”, “artiste, eco”, “você ainda tem lição de casa”), lirismo com frescor de noite de primavera (“o’clock”, “doçura”), tensões existenciais (“garota ansiosa”), Beatles (o terceiro “sub sub sub”), Oswald de Andrade (“lágrimas”), a subjetividade feminina que não ousarei comentar (“a beleza vizinha”, “moondog”, “como me encontra”), um pouquinho de trevas (“pílulas”) e observações ácidas e agudas que, tenho a impressão, surgiram do silêncio (“perversão”, “os tóxicos do pau”).

Mas atenção: esse jeito de ler os poemas foi uma extrapolação hermenêutica de minha parte. Não tenho ideia do que a Thais pensou ao escrever esses versos. É provável que você leia e enxergue outras coisas.

Tive que consultar o dicionário para saber o significado de algumas palavras. Quando li “o’clock” pela primeira vez, vi a palavra iridescer, que descobri que significa “refletir as cores do arco-íris”. Também foi assim com as palavras “empíreo” (o mais alto dos paraísos), “invídia” (uma espécie de inveja mitológica), “ledice” (alegria jovial). Então você tem em mãos um texto que exige uma leitura atenciosa: como o estilo é conciso e econômico, cada palavra importa. Nas Bandalhices, cada palavra é uma cor.

Bruno Ishisaki

_outras informações

isbn: 978-65-5900-243-6
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14x19,5cm
páginas: 52 páginas
papel polén gold 90g
ano de edição: 2022
edição: 1ª

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