Por aqui cada palavra é um rito, verbo vivo, palavra que subverte, TRANSpõe significados e significâncias. A autora nos convida para ler de corpa inteira, revirar concepções, reexistir, reinventar, reencantar. Djankaw apresenta em suas poéticas um chamado, um convite, uma provoc’ação: encruzilhar a si! Ler com o corpo inteiro significa também escutar com o corpo inteiro, imaginar, consciensentir…
A cada poema somos lançades de forma rítmica e subversiva a TRANSperceber o que a autora nos convoca a ouvir. Ler e escutar as poéticas aqui presentes é como um intenso passeio por gramaturas distintas, é um exercício sensível que nos chama a revisitar nossas memórias junto às águas, às folhas, às montanhas, ao fogo — é um aquilombamento poético, cada poema é um território.
Com profundas indagações [re]existenciais, a leitura nos leva a buscar por novas referências de significados, de linguagens, de uso das palavras, das imagens e paisagens. Somente uma corpa-encruzilhada poderia nos projetar para diferentes gramaturas subjetivas e temporais. Em vários poemas somos convidades a espiralarmos no tempo, na ancestralidade, nas faunas e floras dimensionais que Djankaw nos traz. Laroyê Exú Mulher!
As escrevivências estão vivas e cheias de vida! Ao ler as próximas páginas deste livro, se permita aquilombar-se, prestar atenção ao bajubá, aos convites, orações e chamamentos que nos são apresentados. A obra Bajubás Poéticas da Travesti Quilombola é também um manifesto poético, existencial, místico-cultural. São poemas de reconstrução de um mundo-casa, de um mundo-colo, em que é possível existir e re-existir, criar e desejar…
Ao seguir para a leitura, esteja preparade para escutar palavras com sons de chuva, vento, tambores e, ainda, sentir cheiros e sabores, visitar lugares, territórios, questionar e projetar a si nos vários locais para onde a autora nos convida a ir. Esta é uma obra poética de reencantamento e de reexistência, é uma obra de referência decolonial sobre escrita, vivência e criação.
Jojo Souza Santos, mulher cis barbada, artista independente e pesquisadora no campo de arte e cultura.