ser um corpo no mundo
fazer-se lembrar de estar aqui
escutar para além dos olhos
enxergar para além dos ouvidos.
lembrar, lua, que depois da firmeza,
é preciso leveza.
não é contradição, é receita de existência.
não esquecer, lua,
de esquecer algumas coisas no ar às vezes
mas lembrar-se sempre do que aterra.
R$45,00
_sobre este livro
Quando água e terra se encontram: lama. Do barro ancestral entendemos que nascemos, mediante as tradicionais ontologias afrodiaspóricas que nos servem de farol. Como é frondoso, então, o espetáculo sagrado e profano proporcionado por este encontro. Luana é a mão firme na caneta que (a)terra com segurança as palavras quando o corpo pede (c)alma. Ainda assim, é possível ver escorrer os sentimentos líquidos entre as linhas. Uma combinação tão potente que só pode resultar no parir, uma vez que sustenta dar-se de cara ao limite. Livro e autora se formam diante dos olhos de quem consegue apreciar as miríades da gestação, este processo tão líquido quanto sólido. Este é um livro-espelho, também um livro-presente, onde a gente fica de frente com nuances potentes do pântano das nossas próprias alegrias, amores e angústias. É uma obra pra lembrar de si, do palpitar ao engasgo, do grito ao silêncio, do solidificar ao fluir.
Com Lua, me permiti “escutar para além dos olhos, enxergar para além dos ouvidos”, reestabelecendo uma conexão que vem desde o umbigo até o pé (de raiz), alinhando este estranho-familiarcorpo no mundo. Suportando as dores das cólicas, no agora, a autora nos conta segredos desta alquimia necessária pra viver, sem se pretender único norte ou manual de nada: cada ser escolhe como gestar em seu útero-casa.
Toda água que Luana ainda não é, eu fui ao ler suas palavras, indecente na maestria com a qual apresenta sua mistura autêntica e corajosa. Convido, a quem amar poema e quiser sentir a plenitude rarefeita de oscilar entre os elementos e suas fases, a espiar por detrás de cada camada estratigráfica deste solo fértil onde Luana com seu corpo floresce, regada pela água que aos poucos nos mostra sua nascente. Ainda não sou água é companhia para domingos e dias úteis; alvorada, anoitecer e madrugada. Basta que se esteja atenta aos letreiros em neon onde Lua fala: continue você também nesta modelagem, ser barro a virar obra de arte: poesia condensada.
Lara de Paula
_outras informações
isbn: 978-65-5900-255-9
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14x19,5cm
páginas: 52 páginas
papel polén gold 90g
ano de edição: 2022
edição: 1ª