ENTIDADE 1
(a ler) Quero que me leias como se fosse um livro proibido. Que me escrevas em páginas envenenadas como se fosses um monge copista. Que derrames em mim a tinta e que faças parte da minha história, e que juntos formemos o único original de uma odisseia que só o mar poderá afogar em lágrimas, se o conseguir.
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_sobre este livro
Em Acho Que Eram Lágrimas, Hugo Vasconcelos convida e expõe o olhar do outro à descrição do sofrimento. “Bem vindos à tragédia”, diz-nos logo e acrescenta: “A história humana é aliás o registo de crueldade ilimitada”, pelo que Acho Que Eram Lágrimas é também um exercício de crueldade, especialmente porque os diversos quadros de sofrimento se apresentam, formalmente, como farsa. O problema da dor é, desde Job, o problema da exposição e da descrição de uma sensação privada. A dor que eu sinto só existe perante o olhar do outro. Mas como pode alguém sentir as minhas dores pela descrição que delas faço? Que histórias e palavras usar para descrever a dor e o sofrimento? A crueza da dor parece incompatível com o consolo retórico da linguagem. Como tornar a linguagem crua como a dor? E o corpo que a representa é o corpo que sofre? “Não se consola a mão, mas sim a pessoa que sofre; olha-se a pessoa nos olhos”, diz Wittgenstein. Mas como se olha nos olhos quem sofre, sem que ela veja em mim o seu sofrimento?
David João Neves Antunes
_outras informações
dramaturgia portuguesa
isbn: 978-65-5900-741-7
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 13x16,5 cm
páginas: 68 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2024
edição: 1ª