A verdade e um pouco mais

Disponibilidade: Brasil

Com uma narrativa entrecortada pela experiência do trauma, A Verdade e um pouco mais conta a história de duas irmãs marcadas por uma profunda vivência de abuso psicológico, que só tem a possibilidade de chegar ao fim com a comunicação dessa experiência. Elas precisam contar pra vocês. Precisam estar aqui, onde estão agora, e contar pra vocês. Quem sabe assim seja possível criar um mundo em que nada disso nos defina.

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_sobre este livro

Esta é uma peça para se observar atentamente a relação entre o mar do sentimento e o vento da estética. Que maré de delicado suspense a autora nos oferece! A onda formada pelo atrito entre a memória — de Vana e das atrizes colaboradoras — e a percepção sagaz que ela tem do que seja a arte de contar histórias por meio do teatro nos dá uma boa jornada sobre o que seja ser mulher.

A verdade é que vivemos, desde meninas, com medo. De assédio moral e sexual nas mais diversas instâncias. O estupro conjugal ainda passa despercebido pelas camas dos lares das “pessoas de bem”. Mulheres transam com seus maridos por assédio, por pena, por obrigação, por autocomiseração ou pela ameaça de perder um teto sob o qual criar os filhos. Filhas continuam se sentindo com a obrigação cumprida — Vana, essa fala acabou comigo — depois de suportar uma sessão de tortura ministrada pelo querido papai.

A questão que Vana capitaneia nessa dramaturgia parece ser como reconstruir a memória quando ela teve que ser soterrada por uma questão de sobrevivência. É sabido que a principal função fisioquímica da memória é o esquecimento, pois não suportaríamos levantar da cama todos os dias se tivéssemos a lembrança de todos os nossos traumas. Então, como validar a sensação de que seu pai, tio ou primo é um perigo para você, para sua mãe, irmãs e para todas as mulheres a sua volta, se você não sabe ao certo se tem um real motivo ou uma fantasia edípica? Como sobreviver a essa dúvida que, suponho, quase todas as mulheres têm?

Cogitar a hipótese de um abuso esquecido é o suficiente? Porque se for ao menos um bom caminho, aí entra uma questão do teatro ancestral: a cena como cura.

Para seu ritual cênico de cura, Vana parece usar habilmente as varetas de armar o suspense para, por meio de um jogo de investigação cênica, indagar. Como saber se meu pai abusou de mim? O que ele matou em minha mãe que a levou à morte? Como se articula o segredo dos homens com a complacência das mulheres no ambiente familiar patriarcal? É sensacional essa articulação entre as duas investigações.

Evoé, querida Vana! É um bem ser sua contemporânea no ofício — justamente nesses tempos tão difíceis de narrar. A sua escrita ilumina a minha. As nossas escritas fêmeas — Shu, Silvinha, Grace, Jana, Klimeck, Renatinha, Ave, Julia, Bianchi, Dione e tantas outras do Brasil, Século xxi — se iluminam mutuamente. Vamos navegar!

Marcia Zanelatto

_outras informações

isbn: 978-65-5900-568-0
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 12x16,5 cm
páginas: 72 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2023
edição: 1ª

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