Oferta!

A sorte do sopro

Disponibilidade: Brasil

até onde dizer
piedade

oferecer estilhaços
sem ameaçar
o corte?

R$38,60

_sobre este livro

Entre todos aqueles pensamentos aparentemente inúteis que nos ocorrem em momentos de vagueio, sempre me questionei como deve ser peculiar a vida de quem habita nas fronteiras de países, o amálgama entre duas culturas e a sensação de pertencer a ambas e não pertencer inteiramente a nenhuma ao mesmo tempo.

O paradoxo do ser fronteiriço geográfico é a representação de todo indivíduo do nosso tempo, aquele que vive entre mundos, buscando um lugar — físico ou emocional — para chamar de seu.

Brunno, neste A sorte do sopro¸ mostra o movimento ruidoso do poeta entre a esperança da perenidade e a realidade da impermanência. A sua vontade é a de erguer casa, mas o ambiente com que se depara é o do terreno arenoso das dunas, a moverem-se permanentemente ao sabor do vento. Dois universos aparentemente inconciliáveis à luz da realidade, mas não da poesia, arte resistente e com histórico de rejeitar as coisas como se apresentam. O autor então levanta a voz em recusa: “pentear os cabelos de quem amamos/não pode ser um rito/a preceder o funeral”; ao mesmo tempo em que parece ceder: “Escrever seu nome no ar/com a fumaça do cigarro/como se bastassem/palavras descartáveis — um prazeroso aceno/à extinção”.

Brunno sabe que o poeta é um ser fronteiriço e, como tal, aprendeu a viver no limiar entre dois mundos, cria pontes e portais, os quais atravessa inteiramente nu, pois não concebe existir de outra forma. Igualmente compreende o preço a se pagar, respingando o que escorre da angústia: “Poeta/ajoelha-te/ante a chaga//sangrar-se/tudo//ainda assim/seguir sem/sangue?”, apontando para o fazer poético como o ato derradeiro de um corpo.

A sorte do sopro é uma obra essencial a quem sangra e espera com a mesma intensidade, a quem se reconhece como ser humano em desterro e à procura de um lugar para erguer casa, ainda que seja feita de palavras dentro do próprio peito, pois como disse Gullar: “é voz de gente — poema:/fogo logro solidão”.

Rafael Ferreira de Abreu

_outras informações

isbn: 978-65-5900-605-2
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14x19,5 cm
páginas: 84 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2023
edição: 1ª

Carrinho

Cart is empty

Subtotal
R$0.00
0