A parte que falta

Disponibilidade: Brasil

As cartas mentem,
não existe destino.
Tudo é extravio.

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_sobre este livro

Em A parte que falta, José Antônio Cavalcanti, poeta já de longa travessia, alcança o nervo da poética de desabrigo, inconformidade e resistência desenvolvida há décadas. O estar-aí dos poetas em nosso tempo é luta permanente contra a vida avariada. Se a força destrutiva da humanidade em colapso alcança até a arte, é preciso criar uma estética de sobrevivência poética, uma “guerra impopular prolongada” aos agentes e mecanismos que anulam no ser humano a possibilidade de uma vida autêntica e plena.

Em Fluxo, a primeira parte do livro, a ideia heraclitiana assume um trajeto próximo à autobiografia, mas logo percebemos o logro. “Tudo é invenção e intensidade”, o último verso de “Órbita em fuga”, revela a condição fugidia, imprecisa e imprevisível do poema. Se há uma recusa a rótulos e enquadramentos da existência — em vários momentos percebida como algo que escapa, residual e incompleto —, dialeticamente, ela também pode ser vista como a sucessão de fendas, intervalos, fugas e rupturas que formam a pele temporal do corpo de palavras.

Já em O corpo submerso da página, a parte subsequente, o autor apresenta textos metapoéticos. O poema e a falta se entrelaçam amorosamente: “sempre falta / uma letra / sempre / uma letra cai / no mar”. Fundamental à melhor compreensão do universo estético do autor é a leitura do poema “O império da perda”.

Entre Deus e o destino, prevalece a deriva. É ela que determina a Vida extraviada, o terceiro momento do livro. Aqui impera radical tensão acelerada pelo tempo inimigo de mínima permanência: “não nos banhamos na correnteza uma única vez / fluxo volátil / extinto antes das águas de março / o corpo foi o relâmpago / de um sonho de alma”. Sequer nos molhamos.

O mal-estar do mundo contemporâneo se intensifica na penúltima parte: A longa fila dos dias que não deram certo. Os males do nosso século, a supressão da ideia de humanidade e a produção de sombras sentadas em sofás e ilhas de conforto, atendidas por autômatos plugados em ilusões da nova ordem mundial informam o poema “Monstros”.

Formas de sair é a estação terminal dessas páginas de uma poesia de altíssima qualidade. Basta ler o belíssimo poema “Na orla” para corroborar essa afirmação. Ou observar a estrofe final de “Enlace amoroso”: “aqui o único lugar / onde há linguagem / o único lugar / onde a linguagem não deu certo / o único lugar / onde todas as línguas anunciam o fim / o único lugar / onde a morte e a linguagem / se abraçam”.

Filippa Schiavo

_outras informações

isbn: 978-65-5900-829-2
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 13x16,5cm
páginas: 132 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2024
edição: 1ª

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