Ensaio(s)-esboço-exercício-teste-sobre-a respeito de-por sobre-a(s) orelha(s)-do livro-autor-leitor-e as olheiras do poeta desperto na “Preta noite, como café preto/Claro! Como café da manhã/Como não pensei antes?!”. Heitor e o café (da manhã, da noite, noite e dia) e os cigarros, inseparáveis, químicos da epifania. Café, cigarros, Heitor (e Jim Jarmush?!): podia ser um filme, com Gabys, Ágathas, “Caróis”; um disco, com poemas que podiam ser letras (de música); ou um livro (como o é), que, como disse Heitor, “reúne tudo de melhor que já escrevi [escreveu] e que não virou canção”. § Uma vez me disse também nunca ter se considerado poeta. Mas, o que é o poeta, a poesia?! E quem sou eu pra dizer, ainda mais pra duas orelhinhazinhas. No entanto, como faz Nancy em “Fazer, a poesia”, quem procurar no dicionário o que é poesia vai se dar conta de que é tanta coisa, e sequer é exclusiva de quem escreve poemas. Ou, pensando em Bernstein, se o que faz do poema um poema é o timing, quem melhor pra ter timing do que um músico? Ainda, das tantas definições que Leminski traz em “limites ao léu”, tem “Dante via Pound”: “words set to music” (palavras musicadas…); e tem uma de quem, embora conhecido como músico, foi o vencedor do Nobel (le bon — pra não perder o palíndromo) de Literatura (!!!), Bob Dylan: “poetry is to inspire” (poesia é pra inspirar…). § Enfim, leitora-leitor-l[H]eitor, não há como negar: aqui se apresenta, sim, um poeta, com timing, “palavras musicadas” e poesia “pra inspirar” (e suspirar, e, sendo de matar, expirar, como quem dá seu último suspiro, “cúmplice suicida”). Exemplo vívido e terrível disso, de quem escreve todo ouvidos, é: “Vivo,/Ao mesmo tempo verbo e adjetivo/Dizem: ‘Quem é vivo sempre aparece’/Quem vive sempre aparece/Vivo/Viver não passa de um paliativo”. § “De quem é a voz? De quem é a vez/De passear no fundo do poço?”. Esta é sua voz (de Heitor Dantas) e sua vez (leitora-leitor) de passear no fundo do poço — seu (de Heitor, e de você, enquanto l[H]eitor). § Quanto ao seu título de estreia (em livro), não vou fingir que entendi ao [c]erto ou que cheguei [p]erto (ao chegar em erto em galego, em italiano) e tentar explicar seu sentido, seu reto teor: Erto (pra não perder, agora, os anagramas). Só sei que o autor dá um oi, em inglês, ao título do livro: [H]e[i]tor>H[e]i[rto]>Hi, Erto! § Por falar em anagrama, é com dois que me despeço, em diálogo com outros dois deste Erto:
Li! quebra, dói,
abre líquido
— equilibrado…
Lido, quebrai!
Zéfere