Nestes tempos incertos de temor, de uma dor fantasma que corrói nossas almas, ora rolando entre abismos e ora em delírios, onde o nunca é sempre distante, ainda assim existe poesia, que nos impressiona por sua capacidade de nos fazer ver mais, de percorrer por caminhos de uma razão quase enlouquecida de tantos percursos e desvios até a sublime síntese dos contrários. Sua consciência filosófica é apolínea, filha de mil livros, pai de mil filósofos, e a intuição criadora é dionisíaca, filha da liberdade, dos excessos e prazeres da loucura do dia a dia, esse é Felipe Luiz Guma.
Poeta e filósofo do nosso tempo, que tenciona seu ser rebelde em ritmo dinâmico e contestador, com apenas um dos seus versos nos tira do abismo mundano e inconsciente da miséria de nossas vidas, constrói imagens críticas e sarcásticas da nossa selvagem sociedade capitalista.
Felipe Luiz Guma é um poeta ao mesmo tempo “maldito” e “maravilhoso”, companheiro da poesia de Maiakóvski, amigo de Brecht, irmão de excessos de Allen Ginsberg e herdeiro dos antigos gregos, como Anacreonte e Safo. É maldito pois se coloca no lado dos explorados e injustiçados do mundo, sendo sua poesia armas da reflexão e bombas ante seus inimigos, e maravilhoso por nos revelar seu inconsciente poético, o erotismo e amor pela justiça e liberdade.
“Guma” é o poeta que seremos, e nós somos o poeta que ele já foi, pois se entrega à poesia sem arrependimentos, ganhando assim um feliz viver e morrer sem medos, não se rendendo aos donos do mundo. Sua única culpa é deixar o coração fazer as perguntas e procurar as respostas no cérebro.
Eduardo Facirolli