Para na primeira loja de cosméticos e perfaz todas as prateleiras. Mesmo que eu já tivesse notado e mesmo se. Eu soubesse, se eu fosse alguém que. Se lembra. Mesmo. Não procurei por ajuda. Antes. Não tem nenhum produto para queda de cabelos nos armários do meu banheiro, no box, na pia, é claro que eu não me esqueceria de algo tão importante. Cheia
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_sobre este livro
Uma mulher chega a um restaurante com o marido, mas esquece que está com ele e pede mesa para um. O garçom a olha desconcertado, sem saber como agir. Mas logo em seguida, ao sentir a mão sobre o seu ombro, a memória volta a surgir; o marido, claro, está lá, esteve o tempo todo. Como ela pode esquecer? Assim começa Cheia, primeiro romance de Natália Zuccala, que nos puxa para dentro da história com a segurança de quem vai muito além da técnica. Porque Natália escreve à contrapelo, feito abismo, feito vórtice.
A memória de Amanda, a protagonista, se assemelha a um bordado intermitente, linhas que não fecham, palavras que se desfazem antes mesmo de emergir. E ela observa o mundo à sua volta como um detetive que investiga uma realidade incompreensível. A narrativa acompanha essa desagregação. Frases pela metade, pensamentos que não se realizam, algo que insiste. Porque, por trás da desmemória, há algo que precisa não ser dito, algo do âmbito do horror. E de repente, percebemos que Amanda é Amanda, mas também é todas as mulheres, e também somos nós. Não há saída além de acompanhar a personagem nesse mergulho, mesmo que intuamos que, do lado de lá, talvez não haja nada, só o horizonte infinito do silêncio.
Carola Saavedra
_outras informações
isbn: 978-65-5900-092-0
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 13x19cm
páginas: 168 páginas
papel: pólen 90 gramas
ano de edição: 2021
edição: 1ª