se eu fosse inglesa
reclamariam de mim diferente
diriam: you get itchy feet
nunca está contente
mas, sendo brasileira,
não tem nome
a minha coceira
R$45,00
_sobre este livro
O sentir é um lapso acidental da consciência. Talvez seja tangível a todos experimentar o sublime existente na pétala da flor mais frágil de um campo selvagem. Talvez. Mas é fato que a existência mercantil dos tempos modernos quase nunca nos permite gozar corriqueiramente desta contemplação, mas há quem o faça.
Há quem se entregue ao desacelerar, negando o imperativo da pressa e optando dirigir abaixo da média só para poder observar pela janela as vidas à margem, com tempo hábil para criar, inventar e contar histórias sobre elas. Há quem se deslumbre com o Rio, o rio e o riso, desbravando e se encantando com os imprevistos deste perambular, sem jamais deixar apagar a regionalidade natural que perpetua sua raiz. Há quem se inspire até nos insetos, ágeis, alados e tão capazes de ensinar nossas pernas a também voarem. Há quem perceba a mudança persistir e se privilegie da inconstância. Há quem se deixe queimar nas fogueiras latentes das paixões voláteis, poetizando a consistência arenosa que é ser um em dois. Há quem perceba que o agora, tão sólido, também se finda na efemeridade do daqui a pouco. Há quem saiba que as palavras, quando saem e de onde saem, visitam um lugar comum chegando carregadas de anseio sobre ser e dizer.
Muriel Assumpção, na mais profunda essência do existir como um acidente geográfico – do onde, quando e como –, faz, destas páginas, passeio. Um passeio de mãos dadas com o admirar de uma mulher andarilha e desacelerada, um convite para sentir, cotidianamente, sublimar.
Erika Zordan
_outras informações
isbn: 978-65-5900-038-8
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14 x 19,5
páginas: 60 páginas
papel: pólen 90 gramas
ano de edição: 2021
edição: 1ª