Andityas é un excelente captador dos excesos regresivos no que se embrollan os tempos actuais e nos que a poesía ten un papel importante e liberador. Sobre a situación actual ten moito que dicir e o di contundentemente, dunha maneira irónica, con esa dose de coñecemento que depara e asiste á súa poesía. […] Andityas está na antítese do visíbel drama que percorre o mundo, moito ben parapetado na vangarda do bo ir e saber, na horizontalidade expresiva dunha poesía erixida no cántico de revolta e no laudatorio da liberdade. Como dicía Camões: “Cantem, louvem, e escrevam sempre extremos”.
Xosé Lois García
Em Rosa das línguas, Michel Deguy diz que “a poesia, como o amor, arrisca tudo nos signos”. Essa é a lição que emerge da poesia de Andityas, radicalizando o que, desde seus primeiros livros, fundamenta sua íntima consciência filosófica e aguçado senso exegético não apenas em relação ao nosso estar-no-mundo, mas ao valor e à necessidade da arte em tempos de distopia, contradições e condicionamentos disruptivos. A alma do livro aponta para o inconformismo, um desejo de exorcizar fantasmas, peitar o desconforto e realizar uma catarse de nossos mais recônditos dilemas, eis que seccionado em temas que remetem para um olhar blasfemo, a palavra insurgente, a metáfora furiosa, as referencialidades geográficas, afetivas e psicológicas, tudo culminando num estreito diálogo com as eras, o sagrado, o profano, o místico, o suprarreal. Os poemas flertam com a prosa, a diversidade temática se espraia como um caleidoscópio de sensações, confluências e influências.
Ronaldo Cagiano
Em nosso tempo de festejado obscurantismo literário não deixa de ser mirábile que um poeta jovem como Andityas se expresse através de uma poesia eminentemente culta, não tendo medo de ser considerado um “poeta erudito”, o que entre nós está quase se tornando uma espécie de proscrição. Isso porque a alta qualidade de sua poesia não é de molde a transformá-la numa peça de mécano ou numa fria exibição de palimpsestos de museu literário. Suas referências clássicas interagem com o mais natural dos coloquialismos, daí resultando uma poesia de alto impacto pela sua extensão de saberes conjugada à eficácia do entendimento imediato de sua linguagem. Esta ambivalência — o novo no antigo — prevalece […] num processo de lento desabrochar, desdobrando-se, num bruxuleio distante, como parecem hoje as nossas esperanças de reversão da umbra geral em que mergulhou a vida (não só literária) do país.
Ivo Barroso