Fiz esse poema exclusivamente para você,
faltam alguns detalhes e arestas,
algumas letras fora de lugar —
mas pode vestir.
R$49,90
_sobre este livro
Brenno Costa é aquele tipo de poeta que parece gostar de se perder em labirintos, mas faz isso apenas pelo desafio de poder sair de lá com um meio sorriso no rosto e o fio de Ariadne esquecido em algum dos muitos bolsos que deve ter em sua calça (“só para viver o perigo de me perder/ só para não achar o caminho de volta.”).
Ao longo desse livro você vai se surpreender com a facilidade com que ele simula e joga o tempo inteiro com a expectativa do leitor. Ele parece não ter um estilo, mas isso é mais uma informação falsa. O seu estilo é sugerir que não há estilo e assim o leitor é levado a se perder nesse labirinto sem ansiedade para sair de lá. Poemas curtos com imagens fortes e de beleza irresistível se misturam com outros de maior fôlego que se alternam com poemas fonéticos que flertam com poesia visual. Tudo parece espontâneo e armado para enriquecer o desenvolto Samba mudo do poeta polifônico.
Toda essa liberdade poética permite que o autor nos proporcione uma prazerosa experiência que permite com que nos percamos no mesmo labirinto até o desfecho do poema sempre beirando o inusitado e que faz com que um sorriso adventício brote em nossos rostos cansados (“São capazes de sorrir/ sem um mínimo movimento da sua boca.”). E para isso ele não tem o menor pudor de flertar com referências pop (“um amor Ross e Rachel”) a fim de fechar a conta com o mais deslavado, delicioso e surpreendente arremate (“Eu quero um amor de época que seja na nossa época. Eu quero um amor inteiro e completo, com paixão e se puder, até um pouquinho de farofa.”).
O lirismo incontido e desavergonhado do autor faz com que nos identifiquemos com vários versos ao mesmo tempo em que somos levados a equivalências saborosas (“desconfio dos poetas que não sabem o que é comprar fichas para telefonar no orelhão e dizer eu te amo”) como Chacal e outros poetas cariocas que costumavam dormir em nuvens ciganas nos já longínquos anos 70.
A poesia de Brenno Costa nos lembra paradoxalmente de que “escrever é esquecimento” e que amar não só parece, mas é mesmo indubitavelmente um naufrágio.
Mário Bortolotto
_outras informações
isbn: 978-65-5900-879-7
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 13x16,5 cm
páginas: 72 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2025
edição: 1ª