A linguagem não pertence: fantasmas da propriedade na literatura contemporânea

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Quem escreve quando alguém escreve? A quem pertence um texto — se é que se pode dizer que pertence a alguém? Dúvidas como essa dão o tom da análise proposta por Luis Felipe Abreu neste livro. Costurando uma série de análises inventivas em um texto com estilo de relatório detetivesco, Abreu aponta para uma recorrência de práticas de apropriação na literatura contemporânea. Porém, ao invés de confirmar a “morte do autor”, essa febre da cópia parece colocar em cena seu fantasma. Lemos a emergência dessas assombrações aqui, entre referências à filosofia de Jacques Derrida e leituras de escritores como Kenneth Goldsmith, Jorge Luis Borges e Veronica Stigger.

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_sobre este livro

“Uma linguagem não é algo que pertence”.

            A sentença de Jacques Derrida, proferida em uma das últimas entrevistas dadas pelo filósofo, em 2004, serve de ponto de partida para a investigação deste livro. A frase é tomada como pista, evidência policial de um problema na cena da literatura contemporânea: se o autor está morto, por que não cessamos de falar dele? Além disso, permanece a dúvida central de qualquer crime: quem o matou? Quem lucra com seu fim?

            A linguagem não pertence se articula como um relatório detetivesco em torno dessas questões, buscando entender a cena contemporânea de escrita e sua obsessão com a apropriação e a reescrita. Escrita Não Criativa, pós-produção, literatura remix, escrita sem escrita: o século xxi tem visto uma saturação de estratégias que retomam e repisam o argumento da irrestrita liberdade de ir e vir dos textos, seu potencial infinito de furto.

            Para entendê-lo, Luis Felipe Abreu persegue suspeitos como Roland Barthes, Jorge Luis Borges e Oswald de Andrade, em uma arqueologia da recusa da autoria individual no pensamento crítico do século xx. Porém, seguindo ainda Derrida, principal parceiro nesta investigação, Abreu entende que não há tradição que não se desconstrua: sua pesquisa acaba enveredando pelos becos escuros da tradição da teoria literária. Neles, parece permanecer ainda algo de fascínio para com a questão da posse do texto. Diante disso, se faz preciso provocar: roubar uma obra, uma frase, uma citação, é negar a sua propriedade ou só trocá-la de mãos?

            As duas linhas dessa investigação se encontram nas análises, na segunda parte do texto, quando são realizadas leituras em profundidade de três casos distintos de apropriação no contemporâneo. Primeiro, é discutido o caso das apropriações de livros de Borges pelos escritores argentinos Agustín Fernández Mallo e Pablo Katchadjian —processados por plágio pelo espólio do autor. Na sequência, pensa-se a Escrita Não Criativa de Kenneth Goldsmith e suas contradições, entre a cópia e a assinatura. Por fim, são discutidos poetas brasileiros contemporâneos, como Alberto Pucheu e Verônica Stigger, que esticam a corda da apropriação ao proporem uma escrita com o discurso público, pretensamente sem dono.

            Ao final, essa investigação — como todo bom romance noir — responde a cada pergunta com outra questão, concluindo a existência de uma conspiração maior. Aqui, a linguagem se faz falsear, passar de mão em mão, para melhor possuir, como um fantasma, aqueles que se atrevem a tomá-la.

_outras informações

isbn: 978-65-87814-42-1
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 15,5x21 cm
páginas: 268 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2024
edição: 1ª

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