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Derivações

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Abriu os olhos sem realmente tê-los aberto. Era peculiar a sensação de enxergar, sem que aquela luz viesse lhe machucar a retina. Abriu os olhos, assim, já em pé, como se ali mesmo houvesse se materializado, parado naquele gramado, próximo à sombra de uma árvore frutífera, cujos frutos não podia reconhecer.
Abriu os olhos e viu um sol a meio termo, um sol-quatro-da-tarde, que aquecia a pele sem queimar, que iluminava sem ofuscar a vista, que alegrava os corações mais melancólicos. A cor daquele céu parecia uma canção do Bob Dylan. E viu o rio que corria manso, refletindo esse sol benevolente, como fizesse um poema otimista sobre o amor. De frente para o rio, separada por uns vinte metros, uma casa simples de alvenaria, com uma chaminé que espalhava uma tímida fumaça branca. Um banco de madeira, à frente da casa, dava aconchego a um violão com cordas de nylon. Próximos ao calmo rio, dentes-de-leão tremulavam levemente ante a confortável brisa passageira. Suas sementes pairavam pelo ar, viajando em busca de outras paragens. No rio, ao longe, via uma figura indistinguível, mas certamente era humana. Não sabia se estava em pé na outra margem do rio ou nas próprias águas. Pela janela da casa, via um rosto conhecido, um rosto feminino. Era Suzanne.
(Alucinação, página 31)

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_sobre este livro

Derivações pode ser lido como um livro de contos sobre busca; busca pelos que não estão mais lá, por respostas a perguntas há muito reprimidas, pela redenção de impulsos que não conseguiríamos conter, pela possibilidade de fazer as pazes com o luto ou dar risada da pior desgraça.
Pode também ser lido como uma coleção de contingências, em que a curiosidade e o imprevisível atravessam pessoas, nacionalidades e períodos históricos, sejam esses reais ou imaginários. Em um sutil jogo de luz e sombra, é difícil saber quando se ri ou se chora.
Sentar-se com o Derivações é preparar-se para uma partida de pinball: diferentes partes do nosso córtex irão se acender, e emoções diversas vão apitar por reflexo antes que possamos ordená-las. Mudam as quebras de linha, mudam os tempos, mudam os registros e os estilos de pontuação. Muda o peso dos personagens, que vão desde uma mosca da fruta pesando um mero miligrama aos quatrocentos e dez quilos de um boi-almiscarado e exausto.
Exaustos também estão muitos dos seus homens e mulheres, que se tensionam e se contrastam, incautos, com o frescor dos jovens e da descoberta. Compassivos, entorpecidos, esperançosos ou derrotados, todos os seus personagens parecem carregar em si o poder de se virar a qualquer momento e olhar para dentro de nós.
O leitor de Anderson Antonangelo é convidado a passear pelas suas inquietudes, sua curiosidade e o seu olhar atento ao singelo, ao vulnerável, ao mundano, que nos conduz a ver humor na tragédia e beleza num filete de suor ou na fumaça de um cigarro. Ele nos leva a prestar tributo não à vida ou à morte, mas à própria transitoriedade que habita entre esses dois parênteses.

Paula Groff

_outras informações

isbn: 978-65-5900-831-5
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14x19,5 cm
páginas: 86 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2024
edição: 1ª

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