Nosso bloco há de sair

Disponibilidade: Brasil

feito numa checklist
já não assinalo o passado que me sufoca
ou o presente que me devora
rejeito agora o futuro que me paralisa
das ansiedades que me traçam
transbordam algumas urgências:
inventar sutilmente o meu próprio tempo
tornar a cronologia espécie de mito
dançar xote pela madrugada

R$48,00

_sobre este livro

Em sua segunda obra, Manuela Teteo reafirma o compromisso com uma poética fincada na materialidade: pelo chão da Lapa, da Candelária a Copacabana, do Porto ao Catete, pelas ruas de Pendotiba e do Ingá. O que reside fora de si, a cidade e a civilização, coexiste com um corpo-território que não se amansa, indomesticável, “para tornar as cicatrizes cartografia/ é preciso urbanizar a selvageria com as próprias mãos”. Em Nosso bloco há de sair festejamos, suamos e sangramos o Rio de Janeiro junto à poeta. Mas não só.

Como no carnaval, esse livro subverte a ordem cotidiana para “inventar sutilmente o meu próprio tempo/ tornar a cronologia espécie de mito/ dançar xote pela madrugada”. Debochada e destemida, a voz poética ama radicalmente a vida e tem “os dentes capazes de devorar o mundo”. Se não é convidada para a festa, ela cria a própria celebração da incompletude, do charme medíocre de quem reluz quando apaga, daquilo que é item de colecionador raríssimo com avarias e não encontra comprador.

Filha de uma linhagem insubmissa, Manuela desestabiliza as dualidades, reorganiza as noções de sagrado e profano, “há pouco no mundo tão sagrado/ quanto amar uma mulher”, recusa o paraíso, zomba do inferno e, em oposição à ideia de céu, prefere o fundo do mar. Estar no mundo é um jogo, uma festa e um ritual. É verdade que existe a carne viva, “eu nunca soube caber/ eu nunca coube”. E também o contra-ataque, “estamos deslocando ao mundo com um ódio doce/ rasgando as órbitas do planeta para que nos caibam”.

Nos chega pulsante esse magnetismo da experiência e da autonomia, “quero experimentar a vida arisca entre os lábios/ como fruta indomável que busco do pé”, “estou viva, estou viva/ sou minha e estou viva”, esfoliando “sempre entre a fricção & o desejo”.

Uma camada de magia encobre os poemas com suas cartas de tarô, baralhos ciganos, ervas maceradas e espíritos fundadores do mundo. Também nas transmutações em bicho, em mulher-ilha-chuvosa, mulher-pequeno-pedaço-de-mundo, rejeita a hegemonia civilizatória e abraça o que há de mais originário e selvagem em si. Manuela comprova o equívoco de quem pensa não caber ternura na rebeldia. Torno-me agora as palavras deste livro e “peço que, meu bem, sirva-se com as mãos/ peço que, meu bem, leve-me à boca”.

Roberta Freire

_outras informações

isbn: 978-65-5900-765-3
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14x19,5cm
páginas: 56 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2024
edição: 1ª

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