Um garoto de Haifa gira a palavra e outros poemas palestinos

Disponibilidade: Brasil/Europa

edição bilíngue

(árabe-português)

THIAGO PONCE DE MORAES
[tradução]

Teria gostado de me deitar
e esperar por Sulamita
com os lírios-do-vale
os narcisos dos montes
e todas as outras flores
cujos nomes não sei
indiferentes à reprovação
dos filhos da minha mãe
ou à culpa
das filhas de Sião.

Mas os aviões voaram da Bíblia Sagrada
para dilacerar uma família
à beira-mar…

Onde você se deita ao meio-dia?
Em que assentamento você dorme
você que matou Sulamita?

(Sulamita, página 55)

 

 

R$55,00

_sobre este livro

“Nunca houve nada em que eu acreditasse, mas se existir um deus, ele é o mesmo deus para mim e para o poeta palestino Najwan Darwish”
Raúl Zurita

Najwan Darwish (Jerusalém, Palestina, 1978) é um dos principais poetas de língua árabe de sua geração, traduzido para mais de vinte línguas. E esta é a primeira vez que temos a chance de ler os seus poemas em português, colhidos de três dos seus livros publicados até aqui. Se não é uma antologia exaustiva, sem dúvida é uma consistente apresentação da força (ou ainda: do campo de forças) da poesia palestina contemporânea. Logo de cara, um assombro: “não há homem livre com quem eu não tenha parentesco, e não há uma única árvore ou nuvem à qual eu não seja devedor.”
A tradução do poeta Thiago Ponce de Moraes que temos em mãos foi realizada na companhia do próprio Najwan Darwish, ao longo de mais de sete anos de trabalho, em que foram cotejadas muitas das traduções publicadas em outros cantos do mundo. Aliás, o livro é muito coerente com a trajetória de Thiago, que tem se destacado como um dos poetas mais interessados em criar relações multilaterais do Brasil com outros países, ao representar nosso país em diversos festivais internacionais de grande importância, e atuando como o coordenador brasileiro do World Poetry Movement.
O encontro de Najwan Darwish e Thiago Ponce de Moraes é uma alegria e um presente para todos nós, leitores de língua portuguesa. Em um ano assombrado pelo genocídio, em que testemunhamos uma espécie de “solução final” para a destruição em massa de vidas e territórios da Palestina, a voz de Darwish traz notícias de um país ao qual não se tem acesso nos jornais ou nos livros de História. Sua poesia, como escreve Thiago, é uma força política na medida em que “apresenta a sua presença, acentuando o caráter daquilo que existe.” Ou ainda, quando traduz as palavras de Darwish: “meu desprezo por sionistas não vai evitar que eu diga que eu fui um judeu expulso de Andaluzia, e que eu ainda teço sentidos a partir da luz daquele sol se pondo.”

Marcelo Reis de Mello

_outras informações

isbn: 978-65-5900-781-3
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 13x16,5 cm
páginas: 180 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2024
edição: 1ª

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