O tempo amarela a carne

Disponibilidade: Brasil

Maria acha um absurdo o envelhecimento. No entanto, depois do diagnóstico do Alzheimer, ela se torna obcecada por tentar agarrar os fiapos de lembranças e retardar o avanço da doença, enquanto recebe carinho do filho mais novo, Pedro, e tenta se conectar com o mais velho, Miguel. Antes de desaparecer de si mesma, pede para fazer uma última viagem em direção à roça onde morava na infância e onde enfrentou seus primeiros demônios. Em uma trama poética e envolvente, que reflete sobre o envelhecimento, Patrick Martins tece uma narrativa singular sobre família, memória, o início e o fim do amor.

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_sobre este livro

Sozinha, Maria, uma senhora já idosa, observa o cair da chuva pela janela de casa em uma cidade periférica do Distrito Federal. Enquanto elucubra a respeito do significado da velhice para si e para os outros, põe uma panela com água no fogo para preparar o almoço. O que o ocorre em seguida acarretará marcas com as quais ela e seus filhos irão conviver até o fim de seus dias.

Maria nasceu no interior de Minas Gerais e foi vendida pelo pai para trabalhar como doméstica na casa de uma família em Brasília. Não por acaso a narrativa é tecida a partir do viés do esquecimento: a história dessa “candanga” (por falta de palavra melhor), uma mulher que veio parar em Brasília sem nenhum ente familiar — tendo que morar na casa de estranhos que eram também seus patrões —, não é somente a história de Maria, mãe de Pedro e Miguel. É também a de muitas mulheres, seja do interior de Minas, do Maranhão ou do Piauí. Essas mulheres, apesar de esquecidas quando se conta sobre a criação de Brasília, desempenharam um papel importantíssimo, sem o qual o conforto de algumas famílias estaria em risco, e a existência de outras — as suas próprias — não teria lugar.

Um dos grandes trunfos desta obra — longe de ser o único — é justamente a recuperação dessa história invisibilizada, e muitas vezes traumática, das migrantes que hoje compõem a população da capital, deixando um legado para filhos e netos. Somos ainda presenteados com uma trama mais complexa, conduzida com maestria e lirismo pelo autor. A narrativa, atravessada por várias vozes, nos sensibiliza com reflexões ligadas ao envelhecimento, ao Alzheimer, à solidão, ao abandono, à bissexualidade, à fotografia, às relações familiares e ao amor. Por fim, durante esse mergulho em uma densa atmosfera em tons de sépia, somos tocados pelo amor, que, nas palavras do autor: “(…) não nasce da embriaguez do toque, mas começa com o sentimento de ter capturado um fragmento, uma tira singular recortada de um sonho ou do tecido infinito do universo […]. O amor é aquilo que permanece, dia após dia, dourado pela memória”.

_outras informações

isbn: 978-65-5900-696-0
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14x22cm
páginas: 184 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2024
edição: 1ª

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