Os crânios de Júpiter

Disponibilidade: Brasil

José Pedro Carmacedo ou Carmaceno teve o infortúnio de ter os dedos das mãos amputados por necrose de extremidades quando no ápice da sua nova juventude, por volta dos duzentos e vinte e cinco anos. Vivia pelos picos e montanhas tibetanas, praticando seu novo hobby de escalador e de ficar drogado por hormônios e fluidos psicossomáticos. Nos anos em que habitou a Ásia, criava ovelhas, iaque e vendia chá de manteiga. Os seus queijos eram elogiados pelos locais que o receberam muito bem em todos esses anos de nova vida. Nesse momento, José Pedro Carmacedo ou Carmaceno já tinha passado pelos processos de nova juventude do Projeto Sêneca. Profeticamente, Sêneca escreveu: “Os elementos terrestres se dissolverão tudo será destruído para que tudo seja criado novamente em sua primeira inocência.”.

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_sobre este livro

A sociedade cria suas fábulas, ficcionais, inventa histórias, conflitos, mundos inteiros. O ponto de partida para o direito à literatura, segundo Antonio Candido (1918-2017), é a necessidade universal experimentada em todas as sociedades, das primitivas às mais avançadas. Na necessidade do homem de fabular. Assim, os contos presentes nos Crânios de Júpiter, prosa de Rob Ashtoffen, assumem um complemento da vida. O imaginário de uma cidade, de um bairro, de um planeta. De crânios com desejos. Um universo, de urbano e rural, repleto de jeitos e gestos, de linguagem, de misticismo, superstição, de semântica, sintática e sentido. Nos textos é ainda possível “gravar num disco voador” e lançar no espaço sideral, mas um tanto diferente da canção de Caetano Veloso, eternizada na voz de Gal Costa, a obra de Ashtoffen é um objeto identificado: literatura. Real e imagética. Fincada no seu tempo e espaço. Um mundo, muitas vezes, absurdo e misterioso.

Tais mundos podem ter pontes, prédios, estantes de memórias e carnes com jeito de animal e de gente. Em Crânios de Júpiter é assim. E também são criadas por cabeças, transformadas em personagens, que no futuro serão crânios, que é uma espécie de caixa preta óssea, protetora do encéfalo e morada dos órgãos da sensibilidade: visão, audição, olfato e a gustação [itens], para além dos vasos e nervos. Júpiter, o planeta, é observável a olho nu da terra, como é a nossa imaginação. Nesse sentido, deslocando a prosa em seu próprio eixo, poderia estar presente na obra de Rob Ashtoffen, como narrador, o singular Galileu Galilei, que, no início do século xvii, viu satélites naturais nunca antes possíveis. E perplexo, inclinou o dorso em seu telescópio e contou vinte e dois ossos, que caberiam nos corpos de conterrâneos, fornecendo passagens ao ar, oxigenando melodias, passos, imagens, movimentos, o paladar e a líbido. Deliciosos estados da alma. Geradores de impulsos [nervosos].

_outras informações

isbn: 978-65-5900-680-9
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 13x19cm
páginas: 208 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2024
edição: 1ª

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