Sereias-anjos nadam ou voam?

Disponibilidade: Brasil/Europa

Bruxas
da América
Central
queimando a fibra da terra
com histórias de outras terras
reivindicando para si o óleo sagrado
do primeiro dendezeiro

o eco vem através das águas
aninha-se de aromas e ritmo
o tambor ancestral renasce
Mulheres Sagradas da América Central

[Poema à Tituba, a bruxa negra de Maryse Condé, página 42]

 

 

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_sobre este livro

A metafísica do universo é o corpo de uma mulher negra. Este é o princípio fundador das páginas de Sereias-Anjos Nadam ou Voam?, da poeta Hannah Bastos, que no seu livro de estreia transfigura a sobrevivência em uma existência ritualística onde é preciso talhar-se a si com ladainha e reza de mangue e mar para de si nunca deslembrar. Mas não só. Aqui, esta mulher deslocada na diáspora que exibe a voz poética de alguém que se entende negra há milhares de quilómetros de casa para perceber que é preciso reinventar a casa para reinventar também o próprio centro e o centro do mundo. E, à medida que se torna negra, percebe-se não como lhe desejam que se perceba, mas ao contrário, como a sendo aquilo que concretamente se é: esta grande tecnologia ancestral. Assim, evoca as bruxas da América Central com o mesmo tom radical e sedento em que chama pela sua avó bilíngue em plantas e serenos. Faz-se ninho de si mesma enquanto encara a solidão do seu próprio espelho, conquista e reconquista o seu rosto incerto, observa a vida e a morte pelos olhos de Suçuarana, e enquanto procura, encontra e assenta sua retomada. Sereias-Anjos Nadam ou Voam? é sobre a pele, que, uma vez que habita o sal (e a água), assume o estatuto da eternidade, assume o reinado de um povo inteiro; e sobre o encontro entre o Nilo — este rio de um continente África onde nunca esteve, mas ao qual sempre pertenceu — com as águas do Rio Jaguaribe ao sul do Equador; ou do oceano Atlântico, que umedece as finas areias de Tambaú com o Mediterrâneo, cujas conchas são de ambos sempre os ossos, as pernas, os braços dos que ali ficaram antes de si. Esta é a forma valente que a poeta encontrou para que sua voz fizesse cumprir a promessa das manhãs e esperasse pelos peixes presos nas redes de arrasto mais uma vez, seja lá em que água esteja. Sereias-Anjos Nadam ou Voam? é o sopro da esperteza de gente de beira de mar.

Manuella Bezerra de Melo

_outras informações

isbn: 978-65-5900-714-1
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 13x16,5 cm
páginas: 74 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2024
edição: 1ª

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