Papéis amarelos

Disponibilidade: Brasil

No dia 14 de Janeiro de 2021, durante a pandemia de covid-19, os médicos e hospitais de Manaus lotam as redes sociais e as mídias jornalísticas anunciando que o estoque de oxigênio havia acabado. No auge das internações por conta da doença, os pacientes começam a ser remanejados para outros estados, os acompanhantes dentro das enfermarias são retirados e o oxigênio começa a ser fechado. O livro Papéis amarelos de Raissa Jambur traz 25 contos entre o testemunho e a ficção, baseados na experiência traumática do acontecimento histórico de 2021.

R$48,00

_sobre este livro

A narrativa de um trauma coletivo, dentro das intimidades da ferida e que vigia a excursão da exaustão à que foi submetida a população do Norte. É dessa forma que Papéis amarelos de Raissa Jambur aborda a crise do oxigênio em Manaus durante a pandemia de covid-19. Não somente formulando um retrato dentro de contos simétricos, mas sobretudo recortando as sensações da agonia formada pelo cenário de descaso que resultou numa das maiores crises de saúde pública já presenciadas pela região Norte.

Os contos exploram desde as imagens mais icônicas que foram relacionadas ao desastre, como também dá contorno e voz a dramas mais sutis que costumam ser negligenciados dentro das narrativas oficiais, mas que constroem a tessitura mais complexa do trauma. Somos postos como testemunhas e vigiamos o sono inquieto da sala Rosa, observamos o olhar depressivo dos pacientes que voluntariamente tiravam a máscara de oxigênio, adoecemos com as acompanhantes, a maioria mulheres, que sangravam em enfermarias lotadas com banheiros insalubres.

O livro organiza o cenário desde o prenúncio da crise e não relata, antes, desenha simbolicamente as curvas do desastre. Somos colocados a sentir a angústia antes de presenciar as cenas, mas as cenas, quando se mostram, são colocadas com a realidade necessária para o testemunho.

Aqui o livro se constrói na missão de desenterrar as consequências que estão sendo ignoradas, mas que permanecem pulsando na vida de toda uma população. O terror afinal não se encerra no auge dos acontecimentos que se deram, ele se encaminha para a vida e o cotidiano das pessoas. Fica preso no olhar de luto dos idosos no parque, no cheiro do alho cozinhando numa cozinha vazia em que as mães foram vítimas da tragédia.

São 25 contos que elaboram uma estética do trauma, que se colocam na missão de não silenciar o que vem ainda sendo processado. Dessa forma somos convidados a encarar memórias que, por mais doloridas que sejam, precisam de um lugar na história, precisam ocupar um lugar sobretudo de responsabilização da história. Afinal, por mais que hoje sigamos, não podemos seguir ignorando, é preciso falar e dar voz ao que ainda dói e que ainda significa, pois a maneira como estamos nos reorganizando é resultado também do que aconteceu.

Carolina Alves

_outras informações

isbn: 978-65-5900-658-8
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 13x19 cm
páginas: 100 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2024
edição: 1ª

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