Ensinamos nossas crianças a sacrificar as flores. Bem-me-quer, malmequer. A gangorra da fortuna sobe e desce em suas pequenas mãos. Não estamos a ensinar, contudo, o dom divinatório. Ao pedirmos que acreditem que o desejo se manifesta através da álgebra das pétalas despedaçadas, estamos tentando dizer que toda fé possui uma parte de tragédia. No fundo se trata de uma lição de poética.
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_sobre este livro
Quanto de mim é uma nuvem é também um convite permanente para um reviramento do olhar. Aqui, as ondas esticam-se para chegar aos pés ou, ali, se diz que, afinal, quem diria, “A grama crescendo faz muito barulho.” Já repararam nisso? Eu nunca tinha reparado, mas agora que o li, percebi que é mesmo assim. Existe, nestas páginas, uma perturbadora originalidade de pensamento, uma inversão da “lógica das coisas”, como se o poeta nos estivesse constantemente a convidar “olha, olha de novo, talvez não seja bem assim”. Tudo isso se prolonga em “Estudos teológicos”, em “Estudos literários”, sempre com uma profundidade, vou chamá-la filosófica, à falta de melhor termo, que se estende da primeira à última página. Há aqui um exercício poético de filosofar no fazer da palavra. A palavra espreguiça-se, a palavra pensa, a palavra pergunta. Sente-se alguém que se detém na prática reflexiva da vida, e que convida, muito delicadamente, a fazermos o mesmo. Com ele. Consegue-o, e muito bem.
Judite Canha Fernandes
_outras informações
isbn: 978-65-5900-634-2
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14x19,5 cm
páginas: 96 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2024
edição: 1ª