Nunca entendi direito a diferença entre o sonhar e o estar acordada. Muitas das minhas memórias de infância são consideradas “sonhos que devo ter confundido com a realidade”.
Mas dizer que um sonho não é realidade não faz sentido, afinal, este mundo que consideramos real é a maior das ilusões.
No fim, o que vivenciamos acordados e o que vivenciamos nos sonhos são a mesma coisa. A diferença está apenas no tempo. Passamos mais horas acordados. Mas e se dormíssemos mais?
Foi assim que me tornei “psiconironauta”.
Os sonhos, tal como a morte, a loucura, o transe, os enteógenos e outras experiências mágicas, nos permitem explorar dimensões ocultas do universo.
Para mapear as jornadas do plano astral, comecei a registrar todas as experiências que conseguia me lembrar. Algumas dessas memórias eram repletas de detalhes, enquanto outras eram apenas fragmentos fugazes.
Essas histórias eram pistas de um enigma, os símbolos eram mensagens criptografadas, o código Da Vinci que eu precisava decifrar. Esse tem sido meu método de autoinvestigação, minha bússola para as “escavações psíquico-arqueológicas nas ruínas do meu inconsciente”.
Visualizo a mente como um corredor de hotel, repleto de portas de cada lado. Cada porta que se abre revela um mundo paralelo, onde tudo pode acontecer. Nunca se sabe o que pode emergir dali. Anjos? Fantasmas? Monstros?
“Somos conduzidos por forças interiores que emanam de uma fonte profunda que não é alimentada pela consciência nem está sob seu controle. Na mitologia antiga chamavam-se a essas forças espíritos, demônios e deuses”, afirmou Carl G. Jung, e eu me pergunto: Que histórias são essas que os monstros debaixo da minha cama estão tentando me contar na hora de dormir?