Tempos ainda sem nome

Um homem solitário que está prestes a completar 30 anos e repassa suas humilhações a limpo. Um pai que tenta lidar com a presença do filho em sua vida. Mãe e filha que, em tempos diferentes, travam uma disputa sobre suas visões de mundo. Um menino que revê a relação com o pai olhando para ele no caixão.

Em seu livro de estreia, Danilo Brandão tece narrativas que cortam os fios que nos ligam às relações humanas. O leitor vai encontrar, nas 20 narrativas que compõem o livro, personagens que transitam entre o horror de pensar na própria vida e o drama de serem obrigados a conviver com o outro.

Sem deixar de lado um apuro estético e o cuidado com a forma, o autor levanta as cortinas da vida e propõe uma viagem pelos bastidores das relações humanas com narrativas que quase dispensam o lugar e o tempo para colocar o leitor em um abismo difícil de se localizar.

Dessa forma, esse se torna um livro sobre o que acontece quando todos os laços de uma vida se rompem. Um livro sobre como se livrar das dores que deixam as cicatrizes mais profundas, pois têm origem na própria condição humana.

A um dos protagonistas, por exemplo, a resposta está em reconhecer o mundo a partir da própria mente, deixando de lado os conceitos psicanalíticos que definem a psicose e neurose. Para outro, está em se trancar em um quarto de hotel e assistir às horas passarem à espera do fim. Para todos eles, encontrar a resposta é uma tarefa impossível de se livrar.

Tempos ainda sem nome é um livro incomum. Mais interessado em convidar o leitor a dançar entre os questionamentos do que a oferecer respostas concretas. Para o leitor, resta aceitar o convite e tentar, de alguma forma, encontrar a coreografia certa para essa dança. Mesmo após fechar o livro.