Um acaso nas mãos (e outros poemas)

Disponibilidade: Brasil

leio os poemas de Mar absoluto em um shopping center às
18:49 de uma quarta-feira
espero para ver o novo filme de Martin Scorsese no alto de
seus 80 anos
penso em coisas passageiras, uma conversa com amigos no
último fim de semana
a felicidade, a dureza e as dificuldades da vida, dinheiro
começo um tratamento para o estômago que vem me
matando
leio os versos
“Todas as palavras são inúteis
desde que se olha para o céu”

R$49,90

_sobre este livro

Economia e força são duas palavras adequadas para pensar Um acaso nas mãos, que marca a estreia de Rubens Corgozinho na poesia. Economia, porque o verso, em geral, é preciso. Força, porque a precisão é aguda. Economia: o verso ora vai, ora volta; e as palavras se repetem. Força: coisa, amor, desejo, mundo, numa circularidade que dá corpo a uma visão e a uma relação particular com a cidade e com as pessoas.

Também se destaca a palavra melancolia, emprestada em larga medida de Carlos Drummond de Andrade e Roberto Bolaño, algumas das muitas referências para os poemas. Ela aparece sem alardes, mas é assumida como traço distintivo, e é percebida geograficamente, num mundo que se mostra com frequência empobrecido. Através dessa paisagem ao mesmo tempo interior e exterior, o sujeito apresenta ao leitor o mundo visto, e tudo acontece como uma conversa singela, uma que se faz ao caminhar.

Talvez por isso a forma deste “acaso” conjugue o poema longo e o verso curto. Assim, cada sílaba é um passo; cada verso, um metro ou mais — e as imagens da rua e da cidade e do mundo se dão a ver em um mosaico feito de “cacos fora da moldura”, que o sujeito do poema indica ao leitor como alguém que aponta com o nariz.

Dizendo assim, parece sobrar desencanto em Um acaso nas mãos, e é possível que sobre. Mas não há engano: apesar da melancolia, um verso sempre escapa, o amor brota, a memória ilumina e a estrofe diz, implícita ou explicitamente: — Ainda vale a pena estar vivo, vale a vida.

E vale um verso também, ou muitos, mesmo que escritos por acaso.

Gabriel Reis Martins

_outras informações

isbn: 978-65-5900-852-0
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 13x16,5 cm
páginas: 96 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2024
edição: 1ª

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