quando a barragem sangrou e o bico do pássaro
rasgou o tempo em dois
todas as metáforas das águas fizeram sentido
e de repente criou-se um mundo onde era possível
chorar e gozar
ao
mesmo
tempo
mergulho no cheiro de onde o pescoço termina
e vira ombro
e não me espanto
quando tu dança é m a r e s i a
não preciso fechar os olhos para dançar com você e
pra compreender o estrago
o desastre é matéria, presença, substância,
eu posso tocar.
(marejar, página 25)