Eu não consigo parar de morrer

Disponibilidade: Brasil

é preciso me despir
arrotar o almoço
esquecer a casa
os cômodos os gabinetes
e sobretudo os
silêncios

caminhar errante
mais um passo
pra dentro de mim
pra dentro da noite

 

R$45,00

_sobre este livro

_sobre este livro

Um poema pode nascer do fortuito: espanto, vertigem, a fratura que se instala, provocada por uma mínima alteração na densidade dos ventos, o pálido sentido que resgatamos do absurdo, aquilo que se vislumbrou – ou que se ocultou –  no instante de sua criação.

E há poetas que colecionam poemas assim, um após o outro, até que a unidade do pensamento corresponda a um fato biográfico: o registro de uma idade, de uma crise, de um ponto de transcendência, de um sangramento que não pode ser estancado – se não o primeiro morto, aquele que carrega um significado que o ultrapassa. Vários mortos habitando um único corpo. Vários e tortos renascimentos.

Eis aqui o maior sentido e virtude de “Eu não consigo parar de morrer”, de Camila Assad. Trata-se de um livro enquanto percurso, ou melhor, enquanto parte de um percurso. Logo, trata-se de um livro atravessado por um tempo que chega sem revelar o seu sentido, mas que aqui está, manifestando-se nas notícias dos jornais, na realidade física do corpo, no imponderável da memória, na sua condição de mulher, no confronto com um contexto que nunca é dado por inteiro, mas que provoca reações extremas: o horror, a perplexidade, a ironia.

Neste sentido, “Eu Não Consigo Parar de Morrer” é um livro pleno de contemporaneidade, pois revela algo da meia sombra em que – hoje – todos nos encontramos. Não é a idade da razão, tampouco da desrazão, mas algo intermediário: uma idade da orfandade, e aqui temos Camila Assad: poeta órfã.

Daniel Francoy

_outras informações

isbn: 978-85-7105-078-5
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14 x 19,5
páginas: 78
papel: pólen 90 gramas
ano de edição: 2019
edição: 1ª

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