O que acontece quando um sertanejo vai ao litoral?
Decerto há o encantamento com a imensidão do mar, depois a busca por um porto. Este é o primeiro convite que e meu coração quebrado como o mar da Bahia nos faz. Mas junto ao chamado, que se divide em “mar” e “areia”, há também os avisos “inatravessável” e “impertencível”.
Assim, Jonedsun demarca as rupturas, as partidas e rachaduras da sua poesia. Mergulhe, mas não espere travessia, tampouco ancoragem! Dentro do mar tem rio e esse viajante quer ser levado:
me carregue com coração e tudo quebra mar.
A liquidez aqui nos faz olhar pra dentro, pras fragilidades ou o oculto do ser. Ora reconhecemos as feras, ora a observamos de longe, para depois deixá-las na salmoura. O viajante toma nota das intercorrências, das faltas e despedidas. Ele se desbrava, com a mesma sagacidade em que Raul Seixas separa o meio do início e do fim. Assim, percorremos juntos a Bahia!
Também divagamos nos becos, metrôs e desassossegos da pólis. O pé no chão é temperamental, tropical, vapor barato, feito Salvador. É pra infiltrar
as vigas os ladrilhos e esporadicamente habitar as fraturas dos lares desta cidade
Ao ler a obra, atreva-se a estar sob a pele de um sertanejo que carrega a sua própria bagagem e quer se redescobrir nas ruas da cidade.
Mariana Madelinn