De onde me vim nunca me fui

Disponibilidade: Brasil

um dia
vou fazer um poema tão
de mulherzinha mas tão
de mulherzinha que dele
verterá [como a nós nos
coube: a dor. o sangue.
o leite. a língua de
lilith.

R$48,00

_sobre este livro

nada antecipa a poesia. fiquei pensando da orelha, logo da orelha, que quando orgânica mais escuta do que diz (quando escuta), pois logo nos livros (maresmo de palavras em silêncio em busca de quem as leia, transborde a cheia), logo nos livros se mete a querer falar, antecipar alguma coisa… y logo da poesia, isso que nada antecipa.

: a poesia antecipa nada

: nada antecipa a poesia

vamos, então, à orelha:

que ainda assim acho importante pendurar palavras à orelha pendurada ao livro poema de michele. que é dos santos como eu; com quem partilho ainda o ofício de poeta; no entanto convém explicitar uma desparecença: a afirmação de um feminino uteral que ela defende e do qual eu, pessoa não-binária, me evado — no que vou parafrasear a poeta: também passei borracha na mulher que me desejaram pra ser. me pôs a pensar se a racha é mesmo essencial ao feminino, se a lacuna é mesmo fundante da subjetividade, se o único jeito de receber o sol é mirando de frente, se há caminhos pra uma poética feminista sem sangrar o tempo todo corpo, de útero ou não, de mulher.

só que aí acabo por antecipar alguma coisa dos versos que você, que pegou contigo este De onde me vim, vai saber por si: pousar a retina nesse sol que michele santos aquece.

às vezes a ponto de queimar.

noutras, como brinquedo de acriançar (aprendi aqui, no livro, esse verbo bonito).

às vezes, princípio vital da fotossíntese pra alimentar insubmissões radicais anti-asfalto, anti-desamor (o futuro é a floresta, a autora é de câncer).

ela faz historicismas, também, neste de onde se veio. tem também uma tentativa corajosa de sobreviver a muitos afogamentos, muita dor. sem nem se negar, nem se render (à dor).

é um livro cheio de cicatriz (assim me a/pareceu). mas sem faltar a magia da palavra-poema que tenta antecipar, se não o futuro, um desejo de que ele vingue (feito árvore, não a revanche):

y nisso a poesia de De onde me vim nunca me fui também conjura feitiço antigo de palavrar.

agora leia você, mire seu sol. talvez, sim, poesia seja tantas vezes um depois na palavra, processo de plasmar pensares, sentires, falares, sonhares em palavra… mas ainda um desejo-devaneio de futuro: brotar a palavra no chão.

tatiana nascimento (dos santos)

_outras informações

isbn: 978-65-5900-564-2
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14x19,5 cm
páginas: 84 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2023
edição: 1ª

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