Ariano Suassuna, o rapsodo nordestino

Disponibilidade: Brasil

“O ESCRITOR É AQUELE QUE PODE LER A NOITE.” – nos ensinam as palavras peremptórias de Marguerite Duras. Atenta a esse princípio, Marina Sereno empreende em seu livro uma viagem órfica, nos convidando para um mergulho na espessura da noite durrassiana, verdadeira mônada de seus livros e filmes, desdobrada aqui em letra, imagens e cenas. Somos levados, por um trabalho que une rigor e sensibilidade, a percorrer os nós entre a literatura e a psicanálise, para descobrirmos um outro modo de ler: aquele que não recusa os riscos do arrebatamento, pois, como ainda nos adverte Duras, “a leitura depende da escuridão, da noite. Mesmo se lemos em pleno dia, no exterior, a noite cai em torno do livro”.

Paulo Fonseca Andrade

R$52,00

_sobre este livro

A figura do rapsodo perpassa o imaginário literário como símbolo de narrador da cultura e da história de um povo; mas para além de narrar, o rapsodo é a entidade que constrói histórias por meio de recortes: ele desenterra, assopra a poeira e lapida a palavra até encontrar a essência de si mesmo e do povo que representa. O texto rapsódico é uma grande colcha de retalhos colorida pelo folclore de uma sociedade. Ariano Suassuna: narrador, trovador, menestrel, filósofo, tecelão de histórias, aedo, versejador, dramaturgo, poeta, romancista, bardo, rimador, rapsodo. Esse escritor múltiplo se construiu aos poucos, nas bibliotecas, ao sol do sertão, na faculdade de direito, nas manifestações populares, nos grupos teatrais, no palco e no papel. “Encontrou aquilo que era sem saber”: esta parece ser essa a melhor descrição do que aconteceu a Ariano Suassuna quando passou a se dedicar à escrita e assumiu como profissão aquela que já era sua paixão desde a infância: a literatura. O autor paraibano trouxe para a literatura nacional a “nordestinidade” sertaneja através da poesia, do romance e do teatro. Na escrita de Ariano Suassuna, essa “nordestinidade” — que esteve por algum tempo restrita a um espaço popular — se apropriou de espaços que antes estavam limitados às classes sociais dominantes. O texto dramatúrgico suassuniano, que encantou e ainda encanta os palcos, reúne o mamulengo, o bumba-meu-boi, as cantigas típicas nordestinas, as histórias de folhetos de cordel, além de outros elementos para dar o tom da peça. Mas essa combinação não é realizada de forma aleatória ou despropositada: Suassuna é um dramaturgo dos detalhes. Para dar voz às vozes do sertão nordestino, o autor buscou o convívio dos repentistas, cordelistas, contadores de causos, artistas plásticos e músicos, e se tornou um observador acurado do povo. Por vezes, a dramaturgia suassuniana parece nascer no palco, de improviso; mas por trás dessa aparente simplicidade, existe um arrojado trabalho estético. Esse investimento estético permite que o texto converse com o espectador/leitor e mimetize no palco as manifestações populares, crendices e pensares do povo sertanejo. Temos um texto híbrido que reúne em si as muitas vozes presentes no sertão e dialoga, a um só tempo, tanto com o povo quanto com a literatura canônica. Por reunir esse sem-número de vozes, é imperativo que esse teatro se configure em uma forma que congregue manifestações poéticas, épicas e romanescas, se tornando um texto múltiplo, rapsódico.

_outras informações

isbn: 978-65-87814-40-7
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 15,5x21cm
páginas: 156 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2024
edição: 1ª

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