Antes de cair o pano

Disponibilidade: Brasil

Em outra época fui escritor. Contava histórias e me contava, embora não encontrasse muita gente que quisesse me ler. Isso agora não importa, já não escrevo uma linha sequer. Minha vida não deve durar muito mais, mas eu seria capaz de dar o tempo que me resta para saborear um último prato de sopa quente de ervilha, feita por mãos cheias de afeto e de carinho, antes que minha vida terminasse de se cumprir. Antes de, definitivamente, cair o pano.

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_sobre este livro

Em um dado momento do livro, Mário Baggio nos traz o diário de um soldado em campo de batalha. Entramos nesse campo com ele, entendemos o mirar e estar sob a mira, entendemos o tiro. Mas o tiro metafórico não dói, não sangra e não mata.

A vida é um campo de batalha onde nós, artistas, estamos sempre mirando, de olho em alguma ou várias coisas, e somos igualmente alvos. Nos expomos de peito aberto do lado de lá da trincheira, esperando o impacto. Ou provocando o impacto.

O tiro, enquanto analogia, é apenas um estampido; o que fica é o que esse estampido muito rápido deixa de herança. A prosa de Baggio é o estampido. A herança vai da sensibilidade de cada um.
Certa feita, resenhei um dos livros de Baggio para o blog Bibliofilia Cotidiana. Não é uma resenha recente, mas me recordo claramente de aponta algo muito peculiar na obra dele: Baggio não conta histórias, ele conta fragmentos delas. É como se ele escrevesse narrativas mais longas e pinçasse de dentro delas aquilo que ele quer expor, cabendo a nós interagir com suas histórias.
É um processo tão fascinante quanto perigoso — leitores são altamente perigosos quando livres para completar as lacunas! Para além da brincadeira, Baggio realmente não teme que o leitor amplie sua obra e chegue às suas próprias conclusões. O autor cria pequenas histórias, o leitor lê romances inteiros de uma ou duas páginas.
Esta é a grande assinatura de Mário Baggio: histórias curtas que convidam o leitor a participar do processo criativo. Mas não só isso, ele é versátil, explorando uma diversidade imensa de temas, situações, personagens… como os soldados citados no início, a menina feia que quer ser a mais inteligente, o garoto que vai encontrar o pai e tantos outros.
A identificação é inevitável. E interessante. E, por vezes, aterrorizante. Autores são muito mais eficientes como espelhos da alma alheia do que os olhos. Uma visão de raio-X que desnuda realidades das mais avassaladoras às mais banais. Pequenas realidades, ou fragmentos de realidades. Como um mosaico de almas que se constrói página a página. Siga seu rumo. Em quais das páginas você precisou se encarar de frente?

Maya Falks

_outras informações

isbn: 978-65-5900-296-2
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 13x19cm
páginas: 164 páginas coloridas
papel polén gold 90g
ano de edição: 2022
edição: 1ª

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