Ontem lhe apontaram o dedo,
dedo rígido de ponta
que no vai e vem da verdade,
pegaria na mentira.
Não há mais cidades, viu.
São catedrais espalhadas
por espirais celestes.
Quando sobe ao céu
o verbo se desfaz e grita.
R$45,00
_sobre este livro
Esse é um livro experimental, radicalmente experimental. Não à moda de certos experimentalismos, que caem no nada, numa espécie de experimentar por experimentar. Leo Thim leva a fundo a concepção de que forma e conteúdo nunca se separam. Assim, as invenções formais que o livro propõe mantêm íntima relação com o que os poemas desejam dizer. A linguagem é deformada numa experimentação que a amplia, e assim as possibilidades do mundo também crescem. Digamos que sua coerência formal seja justamente esta: se cada poema deseja expressar algo único, deve também possuir uma forma única, uma forma que consiga sustentá-lo no mundo.
Mundo este que é (des)povoado por fantasmas. Um mundo interior, nunca enclausurado pelo tom confessional, mas onde as paixões e as memórias passeiam cobertas por lençóis brancos. Às vezes, confundido com uma casa abandonada cuja mobília buscamos em vão preservar, há ratos e traças. Às vezes, há uma multidão de fantasmas solitários aos pés de uma Babel em chamas, com palavras arremessadas como estilhaços pela ruína da linguagem. E somos, então, arremessados juntos ao mundo exterior. O lugar onde os fantasmas da época se encontram, ora falando em árabe, ora em forma de máquina; ora como mosca, ora como Buda; ora com bigodes fascistas ora sem – mas ainda fascistas; ora como cometas ora como amores – não seriam a mesma coisa?
Assim, os fantasmas aqui estão nus. Mas este não é um livro triste. A palavra o anima (e o assombra) desde dentro. Traga, leitor, os seus fantasmas para fazer-lhe companhia.
Pedro Spigolon
_outras informações
isbn: 978-65-87076-95-9
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14 x 19,5
páginas: 90 páginas
papel: pólen 90 gramas
ano de edição: 2021
edição: 1ª